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O objetivo deste blog é discutir idéias, expor pontos de vista. Perguntar mais do que responder, expressar mais do que reprimir, juntar mais do que espalhar. Se não conseguir contribuir, pelo menos provocar.

domingo, 30 de março de 2014

GERENTE ESTILO "CRI-CRI"

Comentário de Max Gehringer para a rádio CBN sobre estilos de liderança, com um ouvinte que tem um gerente que só faz críticas e nunca elogios: "Tenho 24 anos e trabalho desde os 19. Nunca, durante esse período, recebi uma reprimenda de meus superiores. Pelo contrário, sempre fui elogiado. Faz um mês, a empresa contratou um novo gerente que, desde então, é meu superior imediato. Por algum motivo, ele vem criticando o nosso trabalho. Não importa o resultado, ele sempre acha um motivo para nos dizer que poderíamos ter feito melhor. Eu nunca lidei com uma situação assim e peço orientação sobre como me comportar."

Muito bem. Depois de cinco anos, você se deparou com daqueles chefes exigentes, que acreditam que críticas produzem mais efeitos do que elogios. Até que demorou um pouco para acontecer, porque chefes com esse estilo não são assim tão raros.

Entendo que, tendo sido sempre elogiado, você se ressinta, fique remoendo cada crítica e até imagine que esse tratamento possa ser algo pessoal. Não é. Normalmente chefes assim conseguem bons resultados de curto prazo porque, primeiro, sempre é possível fazer melhor. E segundo, porque os subordinados se esforçam para mostrar que as críticas não são devidas. Depois de algum tempo, porém, todos se acostumam com o tratamento e as críticas vão perdendo o efeito.

Agora, no dia em que você for chefe, que estilo você vai adotar? O do chefe compreensivo ou o do chefe cri-cri? Antes de responder, analise os seus colegas de trabalho. Todos eles se sentem insatisfeitos? O desempenho geral melhorou? Qualquer que seja a sua resposta, a minha sugestão é que você deixe a suscetibilidade de lado e aproveite esta oportunidade para aprender, na prática, um pouco sobre estilos de liderança.
 
Max Gehringer, para CBN, 28/03/2014.
 

SURTANDO EM ISRAEL


Turistas do mundo inteiro realizam o sonho de conhecer Israel. Porém, muitos acabam sendo tomados pela chamada “síndrome de Jerusalém”. Anualmente, cerca de 100 visitantes, a maioria de origem protestante, surtam no país. Ao se depararem com o cenário histórico e religioso, muitos começam a assumir personagens como Davi, Sansão e Jesus Cristo. Há quem chame esse distúrbio de possessão; outros acreditam que se trata de um fenômeno psíquico que começou a ser descrito em meados do século passado e tem aumentado com o turismo de massa. Guias turísticos comentam: “Eles têm personalidade fraca e a viagem para cá faz com que algo aconteça emocionalmente com eles”, explica Arnom Nahmias. Já Saulo Capusta lembrou do caso de uma mulher que surtou e decidiu tirar a roupa e andar nua pelas ruas de Jerusalém. Ele só conseguiu vesti-la dizendo que Deus lhe havia ordenado que ela se vestisse. Por sua vez, Paulo Zar comentou que um homem chegou em Israel decidido a converter os judeus e começou a jogar CDs e livros do 14º andar do hotel.
 
E você, que acha disto?
 
 
Fonte: UOL.

sábado, 29 de março de 2014

QUANDO O FILHO SE TORNA PAI DE SEU PAI

Há uma quebra na história familiar onde as idades se acumulam e se sobrepõem e a ordem natural não tem sentido: é quando o filho se torna pai de seu pai. É quando o pai envelhece e começa a trotear como se estivesse dentro de uma névoa. Lento, devagar, impreciso. É quando aquele pai que segurava com força nossa mão já não tem como se levantar sozinho. É quando aquele pai, outrora firme e instransponível, enfraquece de vez e demora o dobro da respiração para sair de seu lugar. É quando aquele pai, que antigamente mandava e ordenava, hoje só suspira, só geme, só procura onde é a porta e onde é a janela - tudo é corredor, tudo é longe.  É quando aquele pai, antes disposto e trabalhador, fracassa ao tirar sua própria roupa e não lembrará de seus remédios. E nós, como filhos, não faremos outra coisa senão trocar de papel e aceitar que somos responsáveis por aquela vida. Aquela vida que nos gerou depende de nossa vida para morrer em paz. Todo filho é pai da morte de seu pai.

Ou, quem sabe, a velhice do pai e da mãe seja curiosamente nossa última gravidez. Nosso último ensinamento. Fase para devolver os cuidados que nos foram confiados ao longo de décadas, de retribuir o amor com a amizade da escolta. E assim como mudamos a casa para atender nossos bebês, tapando tomadas e colocando cercadinhos, vamos alterar a rotina dos móveis para criar os nossos pais.
 
Uma das primeiras transformações acontece no banheiro. Seremos pais de nossos pais na hora de pôr uma barra no box do chuveiro. A barra é emblemática. A barra é simbólica. A barra é inaugurar um cotovelo das águas. Porque o chuveiro, simples e refrescante, agora é um temporal para os pés idosos de nossos protetores. Não podemos abandoná-los em nenhum momento, inventaremos nossos braços nas paredes. A casa de quem cuida dos pais tem braços dos filhos pelas paredes. Nossos braços estarão espalhados, sob a forma de corrimões.  Pois envelhecer é andar de mãos dadas com os objetos, envelhecer é subir escada mesmo sem degraus.

Seremos estranhos em nossa residência. Observaremos cada detalhe com pavor e desconhecimento, com dúvida e preocupação. Seremos arquitetos, decoradores, engenheiros frustrados. Como não previmos que os pais adoecem e precisariam da gente? Nos arrependeremos dos sofás, das estátuas e do acesso caracol, nos arrependeremos de cada obstáculo e tapete.

E feliz do filho que é pai de seu pai antes da morte, e triste do filho que aparece somente no enterro e não se despede um pouco por dia.  Meu amigo José Klein acompanhou o pai até seus derradeiros minutos. No hospital, a enfermeira fazia a manobra da cama para a maca, buscando repor os lençóis, quando Zé gritou de sua cadeira: 
"Deixa que eu ajudo".
 
Reuniu suas forças e pegou pela primeira vez seu pai no colo. Colocou o rosto de seu pai contra seu peito. Ajeitou em seus ombros o pai consumido pelo câncer: pequeno, enrugado, frágil, tremendo. Ficou segurando um bom tempo, um tempo equivalente à sua infância, um tempo equivalente à sua adolescência, um bom tempo, um tempo interminável. Embalou o pai de um lado para o outro. Aninhou o pai. Acalmou o pai. E apenas dizia, sussurrado:  "Estou aqui, estou aqui, pai!"
 
Talvez, o que alguns pais querem, é apenas ouvir no fim de sua vida é que seu filho está ali, do seu lado.
 
 
Autor Desconhecido.

quarta-feira, 5 de março de 2014

DE PRODÍGIO A PROBLEMA

Revista EXAME, São Paulo - O biólogo americano Robert Trivers ficou famoso por seus estudos sobre o autoengano. Trata-se de um conceito simples: o ser humano mente para si mesmo com o objetivo de enganar de forma mais eficaz os outros.
 
A ideia de Trivers, um evolucionista que passou boa parte da carreira na Universidade de Harvard e na Universidade da Califórnia, se aplica tanto à conquista de uma companhia amorosa quanto à tentativa de inflar ativos no mercado financeiro. No Brasil de 2014, o comportamento das autoridades tem demonstrado outra evidência do conceito de Trivers.
 
Ficamos sabendo pela equipe econômica que não há má gestão das contas públicas. O governo nega que a inflação preocupe. Nega a deterioração do ambiente de negócios. Nega que haja um desajuste no setor elétrico. E, por fim, nega que a economia do país se fragilizou nos últimos anos. Seria ótimo se todas essas negativas bastassem para mudar nossos graves desequilíbrios. Na vida real, porém, elas de nada servem. O Brasil de hoje não é mais a estrela reluzente de 2010. Em janeiro, num ensaio de crise de confiança nos mercados emergentes, fomos apontados por investidores como uma das economias mais frágeis.
 
Em seguida, no começo de fevereiro, um relatório do Federal Reserve, o banco central americano, citou 11 vezes o Brasil como uma das nações emergentes mais vulneráveis — ficamos atrás só da Turquia, epicentro da atual turbulência. Como passamos, em tão pouco tempo, de prodígio a problema? Na última década, o Brasil viveu as benesses de ser alçado à condição de uma das economias mais promissoras do século 21. Junto com China, Rússia e Índia, o país formou o BRIC, grupo com potencial capaz de compensar o baixo desempenho dos países ricos, que davam sinais de não ter mais fôlego.
 
De 2000 a 2007, enquanto as nações desenvolvidas cresceram em média 2,3%, o mundo emergente avançou 6,6% ao ano. Para o Brasil, foi um pe­río­do especial de prosperidade. Era o auge do boom de commodities, momento em que o país vendeu montanhas de soja e de minério de ferro para a China a preços exorbitantes (só o minério valorizou 220% de 2003 a 2013). Foi também a fase que apresentamos ao mundo uma riqueza inesperada, o petróleo do pré-sal. A ascensão de uma nova classe média e o aumento do consumo completaram o quadro e ajudaram a atrair um volume recorde de investimento estrangeiro ao país. Não havia quem não se encantasse com a narrativa do país que fazia tudo errado e que agora dá certo.
 
CORROSÃO LENTA
 
A questão é que o Brasil se agarrou apenas à parte desfrutável dessa história e deixou de lado as arrumações de casa que arrasta de longa data. Como resultado, viu sua economia perder gás e um déficit em conta-corrente se avolumar. “As reformas estruturais que não foram feitas nos tempos de bonança são preo­cupantes”, diz o economista Barry Eichengreen, da Universidade da Califórnia, em Berkeley. “Agora, tudo ficou mais difícil.” Nos últimos anos, lentamente, o país vem corroendo os dividendos conquistados na época em que era uma celebridade global. Entre dezembro de 2010 e janeiro de 2014, a bolsa de valores brasileira perdeu 410 bilhões de reais em valor de mercado — um terço dessa riqueza sumiu nas ações da Petrobras.
 
“Parte do otimismo em relação ao Brasil era fruto de uma expectativa exagerada quanto ao petróleo do pré-sal. Como não é claro se essa riqueza virá, houve frustração”, diz o economista Jeffrey Sachs, professor da Universidade Columbia, em Nova York. Um levantamento da Associação Latino Americana de Private Equity e Venture Capital mostra que os fundos de investimento em participações reduziram em 70% sua atuação no Brasil nos últimos dois anos. Em 2013, eles alocaram 2,3 bilhões de dólares no país — ante 8,1 bilhões em 2011.
 
 
Do Site EXAME.com
 

terça-feira, 4 de março de 2014

GASTO MAIS DO QUE GANHO

Transcrição do comentário de Max Gehringer para a rádio CBN: "Meu problema", um ouvinte escreve, "é que gasto mais do que ganho. Não por ter um salário baixo, porque estou na média do mercado. Mas todo fim de mês eu me vejo na situação de ter de deixar pagar alguma dívida ou prestação, porque o dinheiro acabou. Já perdi a conta das vezes em que solicitei aumentos a meu chefe, sem que nenhum tenha sido concedido. O que você me sugere fazer?"

Bom, evidentemente, o que você nunca deve ter feito: controlar as suas despesas de modo a não assumir novas dívidas que você não sabe se terá condições de saldar.

Mas há outro risco mais sério que você corre: o de ficar sem um emprego, já que pela situação que você descreveu, suas reservas financeiras tendem a zero. Da mesma maneira que você assume dívidas com certo otimismo, acredito que mostre o mesmo otimismo em relação a seu emprego. E não imagine que possa perdê-lo. Mas isso acontece. E com mais frequência do que você imagina.

O que posso lhe sugerir é colocar em uma planilha os gastos que são, de fato, indispensáveis, como alimentação, moradia e transporte. E em outra coluna, os gastos que você faz mais por uma questão de status do que por necessidade. Por exemplo, para ter um modelo de celular mais moderno do seu setor, para não ter um carro mais barato que os de seus colegas, e por aí vai. Se você montar essa planilha, verá que poderia viver tão confortavelmente quanto vive, mas sem exagerar na dose de itens supérfluos.

Sua melhor motivação está aí, bem ao seu lado. São os seus colegas. Se eles não têm o mesmo problema que você, ganhando o que você ganha, não há razão para que só você viva endividado.

 
Max Gehringer, para CBN - 04/03/2014.