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O objetivo deste blog é discutir idéias, expor pontos de vista. Perguntar mais do que responder, expressar mais do que reprimir, juntar mais do que espalhar. Se não conseguir contribuir, pelo menos provocar.

quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

IGUALANDO DESIGUAIS

Se eu dissesse que você é igual aos outros e por isso deve ser tratado como os demais, provavelmente você concordaria. Digamos que você passou em um sinal vermelho sem perceber, mas o agente de trânsito percebeu e veio para lhe multar. Num momento como este, você aceitaria a multa por ser igual aos demais que passaram o sinal vermelho e foram multados ou tentaria um tratamento diferenciado? Em casa, quando morava com os pais era tratado como todos os outros da casa, agora que saiu dela e mora fora, quando vem visitar os pais quer ser tratado diferente? Numa empresa, todos são orientados a chegar no horário, mas você acabou por se atrasar por conta do despertador que não funcionou. É claro que você sempre chega na hora, foi a primeira vez, poderia ser tratado de modo diferente. Nós somos seres de desigualdade, cada um é totalmente único e inigualável.

Um filósofo francês chamado Jean-Jacques Rousseau escreveu o livro “Discurso sobre a origem e os fundamentos das desigualdades entre os homens”. Para este filósofo, a desigualdade tem basicamente duas raízes: uma é natural ou física e a outra social ou política. A primeira desigualdade é facilmente compreendida, basta olhar a pessoa ao seu lado para perceber que ela é diferente, ainda que seja gêmea sua. A diferença social ou política já não é de tão fácil percepção pelo “apelo à igualdade” que é feito em todo veículo de comunicação. Mas, caso queira perceber este tipo de desigualdade dê um passeio em sua cidade e perceba que algumas pessoas têm grandes residências enquanto outras se escondem embaixo de pedaços de papelão. De forma definitiva pode ser dito, sem chance de erro, somos diferentes.

As diferenças existentes entre as pessoas vêm sendo paulatinamente escondidas via propaganda, políticas de massificação e outras tantas ferramentas de alienação. No entanto, cada um, por suas características tem uma gama limitada de futuros possíveis. Quando um jovem chega numa organização e inicia sua carreira, o leque de futuros possíveis é muito grande, mas logo após sua primeira promoção para o setor financeiro este leque reduz. Mas todos os colegas dele poderiam ser promovidos para o financeiro? Será que todos têm as mesmas características que ele? Alguns podem dizer que basta querer e tudo é possível. No entanto, você deve conhecer muitas pessoas que não são jogadoras de basquete por causa da altura, que não são jóqueis por serem baixos demais, que não foram para o exército pelo mesmo motivo. Essa é a desigualdade física, aquela da qual Rousseau já chamou atenção.

Ainda que fisicamente fosse possível a todos os rapazes da organização trabalhar no financeiro, será que todos têm como perfil trabalhar numa sala e num ofício muito mais cerebral do que físico? Muitos são os profissionais que são promovidos de trabalhos físicos para trabalhos cerebrais que não suportam, pedem demissão ou são demitidos. Não é só porque uma pessoa gosta mais deste do que daquele trabalho que pode ser remanejado, mas porque seu perfil se adequa melhor a um trabalho do que outro. Esse é um dos motivos pelos quais alguns jovens fazem teste vocacional, querem saber pelo seu perfil a profissão a qual se adequarão melhor.

O perfil de cada um é único e se adequa melhor nesta ou naquela profissão. A vontade, a possibilidade de mudar ou moldar são limitadas. Algumas pessoas são mais maleáveis, outras nem tanto, por isso, quando uma organização contrata ou promove deve estar atenta ao perfil do candidato. Contratar alguém com um perfil mais dinâmico, voltado às relações, comunicativo e colocar numa salinha empoeirada para fazer trabalho de arquivamento é provavelmente condenar o profissional a sair da organização. Conhecer o perfil do profissional e tornar a relação entre profissional, função e organização harmônicas, é um caminho para se conseguir com que cada um dê o seu melhor.


Por: Rosemiro A. Sefstrom