Não costumo ser negativo em meus textos e considerações, mas peço licença desta vez para manifestar uma de minhas decepções. O que me aborrece em ano de eleição é o tal modelo de democracia que vivemos. Nada contra a democracia, mas ela também parece não estar muito aí pra nós. Nem sei se deveria continuar escrevendo sobre esse tema, mas como eu tenho um submodo significativo em minha forma de agir, que na filosofia clínica chamamos 'em direção ao desfecho', já que comecei a escrever agora então vou até o fim. Funciona popularmente como: 'Um boi pra não entrar na peleia; A boiada pra não sair dela'. Antes de propor no blog a enquete sobre eleições, tive a ideia de mobilizar alguns parentes e amigos a fazermos um protesto ácido porém silencioso, e penso eu diferente, nas eleições municipais deste ano: Pintar a cara de palhaço e ir votar. Alguns concordaram outros não. Outros ainda me perguntaram: Para quê, adiantará algo? Será que irão te entender? Bem, o fato é que nessa encenação circense de democracia me sinto fazendo o papel de palhacinho de picadeiro. Mensalões, cuecões de dinheiro, oração abençoando propina, 'Joana D'Arc' de mãos dadas com seus inquisitores; a caça e o caçador fazendo ‘parzinho’, a chapeuzinho vermelho ficando amiguinha do lobo mau para dominar o castelo de ‘Grayskull’ e expulsar ‘Darth Vader’ de lá porque ele é do lado negro da força. Olhe amigo, se você não entendeu nada, melhor assim sabe. Sigamos.
O
fato é que algumas questões históricas nos mostram que todo tipo de revolução é
no mínimo questionável o destino para onde o caminho da revolução nos leva. E
outra: A história será contada por quem vence a revolução. Na verdade grande parte
do movimento democrático nos tempos de eleições, tenta nos vender a ideia que
algo vai mudar; Parte significativa da massa popular não acredita muito que
algo mude de fato, mas não fala nada, fica 'quietinha na moita'. Estes para mim são os
medianos, os medíocres. Sem ofensas, pois mediocre significa aqueles que são criados para viver 'no meio'. E não existe nada de mal
nisto, apenas não chega a ser de todo um bem. Outra minoria um pouco mais
esclarecida tem a ‘certeza’ e sabe o porquê nada vai mudar ‘muito’. Mas 'ai'
destes se abrirem a boca e criticarem os defeitos e as mazelas da democracia. Como
li em uma das obras de Luiz Felipe Pondé, Guia Politicamente
Incorreto da Filosofia, a comunidade democrática geralmente é muito 'dodói'
quando é colocada na parede e cobrada de forma veemente por mudança. Sua reação é como de uma
criança chorona que não aceita ser contrariada, faz vexame e envergonha os pais na
frente das visitas. Se tenho vergonha dela? E como! Olhem, nossa democracia
perdeu a vergonha. Seria muito mais nobre reconhecermos que realmente
precisamos de um 'pé no traseiro' para realizar uma Copa por exemplo. Mudei de
assunto? Não mudei não, espere! Alguns dirão que os europeus arrogantes veem
aqui e nos ofendem. Estes são os ‘espinhados’ democráticos. Letargia, digo eu!!
O Brasil é uma democracia lenta e precisamos de um sistema digestivo muito bom
pra conviver com tudo isto. Anos e mais anos pra julgar um mensalão gente!... Mensalão?
O que é isso? Que ano foi mesmo? Ah André, esquece vai, não seja tão pessimista...
Dirão os medianos. Quem aí pode dar um pé no traseiro da justiça? Para as obras
da Copa tivemos o corajoso Sr. Jérôme Valcke secretário
geral da FIFA, que em certa feita
foi muito criticado... Mas agora parece que aquilo que ele disse estava certo: É estamos atrasados. Não vai dar tempo mesmo! Disse um democrático de plantão que
pediu o afastamento do corajoso secretário. Mas e para nossa BR 101 SUL-SC?
Chamem por favor, o Sr. Valcke pra dizer também que precisamos
dar um pé nas nádegas da turma do DNIT,
do Ministério dos Transportes e dos nossos representantes. Que pena, lá os
democráticos da FIFA acataram o conselho dos democráticos brasileiros e o
afastaram porque ele foi “sincero demais”. Seria uma piada se não fosse um
desastre conceitual. Acaso podemos graduar uma virtude?
Renomado jornalista e radialista de nossa região, inquieto como eu
talvez, questionava por que a maioria das pessoas não aceita a corrupção em
esferas federais, mais distantes da nossa realidade, porém aceitam ou se
posicionam de forma mais compassiva com a corrupção local justificando-se atrás
daquela máxima conhecida: apronta mas faz. Em minha opinião respondo a questão
do competente jornalista da seguinte maneira: 'Quanto mais perto, mais as
pessoas se envolvem e deixam de perceber que são bem parecidas 'talvez' com
aquele que elas criticam e que estão 'lá encima', distantes. Ou não. Percebem
que também tem tudo haver com a corrupção de lá, mas como 'aqui' não é
conveniente ficar falando, fiquemos quietos. Daí então é que eu digo que a comunidade
democrática é muito dodói, porque quando alguém no meio da multidão levanta e
grita que cada povo tem o governo que merece, saltam rapida e provavelmente outros dez
democráticos tentando esganar o pescoço do corajoso, sentenciando-o a um herege antidemocrático!
Pois então, cadê a democracia e a liberdade de expressão?! Percebo que terrível
coisa é cair nas mãos do povo. Ser pego pelas garras da impiedosa e pseudo-esclarecida
maioria mediana. Mas a Voz do Povo, não é a voz de Deus!?... diria um democrático religioso. Certa vez li num pequeno e inteligente artigo produzido por alunos e
professores da Universidade Estácio de Sá do Rio de Janeiro que esta expressão veio do latim vox populi, vox Dei, traduzida quase literalmente. Há
milênios o povo simples considera que o julgamento popular é a voz de Deus. Mas
de onde vêm a origem do termo? Tal crença tem raízes na cultura Acaia, no
Peloponeso, onde o deus Hermes se manifestava em seu templo do seguinte modo: a
pessoa que desejava uma orientação ou resposta entrava, fazia a pergunta ao
oráculo, e ao sair do recinto do templo tapava as orelhas com as mãos. As
palavras errantes ditas pelos primeiros transeuntes na rua seriam as respostas
divinas. Perguntava-se a um deus, mas era o povo quem respondia. Interessante
não!? Nada haver com democracia! Aqui no
Brasil um famoso instituto de pesquisa de opinião pública, o Vox Populi foi um dos
primeiros a prever a vitória de Fernando Collor nas eleições presidências de
1989 por larga margem. Curiosamente, não previu seu afastamento. Teria faltado
a vox Dei?
Não pretendo desmerecer o modelo democrático, nem
defender ditaduras ou monarquias. Gostaria apenas de
provocar o pensamento crítico sem que tentem tapar minha boca ou cortarem meus
dedos, sob a alegação de que sou antidemocrático. Só não quero ser como aquela
maioria mediana muito homogênea e quase sem identidade, que assume o que os
outros dizem sem um pingo de critério e análise. Não quero ficar no morno.
Também não quero ser aquele papai bobão que vê seu filho marchando errado na parada
de 7 de setembro, e critica os demais dizendo que só seu filhinho está certo. Não
quero responder, quero poder perguntar sem ser julgado e condenado por isto.
Pensemos, reflitamos, ouçamos mais e falemos menos! Continuando a provocar você que leu até aqui, e quem sabe o nosso competente
jornalista: Na verdade não vejo na prática nenhum problema ou diferença entre
os "de longe" e os "de perto". Vejo agora também que não há nenhum problema em nosso sistema democrático. Que os defensores incondicionais da democracia não se justifiquem dizendo que o problema está naqueles que nos representam ou naqueles que escolhem o que está a representar. A maioria de nossos representantes "de lá" é bem parecida, muito parecida também com
os que estão "aqui" perto de nós, em nossa região. E todos eles, bem semelhantes
também com aqueles que os elegeram (nós), pois a democracia é um sistema baseado na representação
da maioria popular, e foi bem daqui, do meio do povo, que todos eles saíram. Em minha opinião, esta é a grande mazela da democracia.
Isto provocou você? Quer então deixar de representar e assumir seu
papel como eleitor? Vamos com nossa verdadeira cara votar este ano? Pense nisto!
Se vai valer a pena eu não sei, mas pelo menos eu não gostaria de ficar na ‘medianidade’.
Caro André, Bom dia.
ResponderExcluirMais um texto provocante, tratando de um assunto atual.
Parabéns.
Aloysio
Obrigado Aloysio.
ExcluirEstamos juntos.
Lembro-me de numa aula de filosofia aplicada o ilustre Manuel Mendes com um chapéu de papelão adaptado e uma garrafa de água mineral na cabeça para falar dos maus tratos que o ser humano faz com esse liquido tão precioso. Talvez a essência disso seja a velha filosofia do “pão e circo”. Acrescentaria um chapéu com pão de cenário na cabeça como protesto...
ResponderExcluirParabéns e muito obrigado por sua contribuição Zé Acácio!
ExcluirConvido-o para continuar me seguindo e acompanhando os artigos.
Forte e fraternal abraço!
Pelo Facebook, Célio Ribeiro Jr:
ResponderExcluirÉ tudo LIXO do mesmo saco.
A questão Célio, como trata o artigo é que todos estes 'representantes' saíram do meio de nós, do meio do povo. Somos duas vezes responsáveis pela "produção" deles. Pela cultura e caráter coletivo produzido, e depois pela escolha deles. É a minha opinião, é claro.
ExcluirForte abraço!
Comentário Catea Alberton por Facebook:
ResponderExcluirRealmente.É triste,lamentável,vergonhoso,ver esses caras eleitos para defenderem os interesses do povo,desviando descaradamente.Mentem com tanta convicção que pessoas acreditam.Enqto a Saúde, Educação e Segurança estão falidas.
A questão Cátea é similar ao que disse ao nosso colega Célio: Como trata o artigo é que todos estes 'representantes' saíram do meio de nós, do meio do povo. Somos duas vezes responsáveis pela "produção" deles. Pela cultura e caráter coletivo produzido, e depois pela escolha deles. Lembrando que isto é assim para mim.
ExcluirGrande abraço!
Realmente é uma vergonha, sempre escutamos as mesmas mentiras e com certeza hoje a indignação é maior por que a cada ano que passa as mentiras continuam as mesmas e a indignação cresce e nos sentimos muito impotente.Prioridades da Democracia: Educação,saúde,estradas, casa própria e aii vaiiii. E o sálario do professor... Saudoso Chico Anísio!
ResponderExcluirTemos oportunidade de mudar gradualmente este quadro, pela EDUCAÇÃO, não esperando pelas iniciativas de gorvernos, é claro!
ExcluirForça e honra amigo!
Ótimo texto Parabéns! Realmente o Brasil e Braço do norte, está precisando de eleitores conscientes, e que saibam escolher os seus representantes.
ResponderExcluirObrigado pela participação Jéssica.
ExcluirSe quiseres divulgar o texto no jornal, compartilhar no Face, fique a vontade. Convido para continuares a seguir-me no blog. Podemos trocar idéias.
Estamos juntos!
André, excelente seu artigo! Eu li os anteriores também e acho esta iniciativa, de incentivar a discussão e o debate, essencial. Esta alienação e falta de interesse é que oferece o terreno necessário para que o atual modelo perverso de "democracia" prospere. Aquele senhor da FIFA que disse que precisávamos de um chute no traseiro estava totalmente certo e aí surge um ponto interessante: a dificuldade que se tem em lidar com críticas. Não aceitamos que instituições estrangeiras nos critiquem, que jornais estrangeiros apontem nossas falhas. O Financial Times publicou recentemente uma análise chamada "Brazil: After the Carnival" que segue a linha de algo que você já mencionou por aqui... apesar do crescimento econômico incontestável, ainda somos pobres em vários sentidos. Vou continuar acompanhando o Blog e comentando por aqui. Abraço!
ResponderExcluirObrogado Leo.
ExcluirSua contribuição também foi muito legal. O olhar de alguém que vive em contato com o "exterior" e ratifica a nossa percepção é muito bom!
Siga firme seu caminho!
Zaida Regina Paes Pooch, por FACEBOOK:
ResponderExcluirMikhail Bakunin expondo que o poder corrompe o que há de melhor: "Nada é mais perigoso para a moralidade pessoal de um homem do que o hábito de comandar. O melhor homem, o mais inteligente, desinteressado, generoso, puro, irá certamente ser corrompido por este encargo. Dois sentimentos inerentes ao poder nunca falham ao produzir esta desmoralização; eles são: o desprezo às massas e a supervalorização dos méritos pessoais.
Não é isto algo que faz um homem perder não só sua cabeça, como também seu coração, e o transforma em um louco orgulhoso? É isso o que o poder e o hábito de comandar fazem com até o mais inteligente e virtuoso dos homens, uma fonte de aberrações, tanto intelectuais como morais."
Excelente contribuição!
ExcluirÓtima idéia para um novo artigo!
Estamos juntos!
Belíssimo texto amigo e professor André, mas ainda continuo acreditando que nós temos o poder de mudança e a melhor forma de protesto é o voto. Realmente quem diria que veríamos “...a caça e o caçador fazendo ‘parzinho’...’. E agora, ficaremos calados? Aplaudimos? Ou mostramos a nossa indignação através do voto?
ResponderExcluirÉ fato que no sistema que vivenciamos hoje, nada mudará por completo, entretanto, podemos acreditar que algo novo, ou melhor, possa ser feito com as ferramentas que estão à disposição dos agentes políticos. Várias reformas devem ser feitas, a começar - em minha opinião - pelo Judiciário. Diz a Constituição que os poderes são independentes, bonito não? Porém na pratica não vemos esta independência. Enquanto os poderes Legislativo e Executivo continuarem a indicar os desembargadores e Ministros, ficaremos engessados por um judiciário dependente dos outros poderes, sem poder combater a corrupção feita pelos seus “padrinhos políticos” que os indicaram para tal função.
Algumas ações já estão dando resultados, cito como exemplo a Lei de Responsabilidade Fiscal e principalmente a Lei da Ficha Limpa, a qual teve iniciativa popular. Vários “políticos” gostariam de serem candidatos nas eleições de 2012, porém a lei da Ficha Limpa os impediu. Esse dado é difícil de apurar – e nenhum partido iria querer divulgar -, mas podem acreditar que muita gente deixou de ser candidato por causa da lei e insisto em dizer que foi através de uma iniciativa popular que ela foi promulgada.
Respeito a opinião de todos e peço encarecidamente para todos PROTESTAREM contra a corrupção e aos políticos que usam a política para benefício próprio. De que forma? Comparecendo dia 7 de outubro nas urnas e VOTANDO!!!
Grande Abraço professor e amigo André!
Grande Wando
ExcluirMuito obrigado por sua inteligente contribuição e pelas palavras amigas.
O protesto pelo voto é o caminho que temos, mas a indignação com a "nossa" cultura do jeitinho brasileiro, da jogatina, e de outras práticas conhecidas também precisam ser combatidas no dia a dia da nossa cultura para que os níveis de corrupção também diminuam.
Forte abraço a você e aos amigos de BN.
Fernando Bitencourt pelo FACEBOOK:
ResponderExcluirLembro-me de certa vez, escutando rádio, o locutor deu uma notícia que no Japão, um político foi acusado e condenado por corrupção. O tal político se enforcou. Foi ai que o locutor falou a verdade: "Se essa moda pega no Brasil estaríamos sem políticos".
São em cerca 11 vagas para a prefeitura de Braço do Norte, para os vereadores "trabalharem" 1 noite´por semana e receber cerca de 5 mil reais. Que país é esse???
Abraços!
Parabéns e muito obrigado por sua contribuição Fernando!
ExcluirConvido-o para continuar me seguindo e acompanhando os artigos.
Forte e fraternal abraço!
A democracia é perfeita em sua premissa: "governo do povo".
ResponderExcluirAs mazelas que vemos é nossa própria cultura eleitoreira e politiqueira no poder e isso está entranhado no DNA do povo brasileiro de tal modo que é difícil separar um do outro.
Para mudar essa realidade é preciso ir a fonte do problema. Arrancar o mal pela raiz. A raiz é o que o povo pensa sobre política. - no Brasil é sinônimo de roubo e malandragem - Parece previsível e esperado que qualquer político é ladrão mesmo, de tal modo que se você ou eu estivermos no meio disso, nos contaminaremos por esse pensamento: "é assim que as coisas são aqui" e você se comporta como tal e essa se torna a sua realidade, dança conforme a música ou tiram você do baile. Um vício maligno de pensamento coletivo que torna a vida de todos mais difícil. Todos reclamam dos políticos, mas quem ousa fazer algo diferente de reclamar?
Os políticos e toda essa 'nhaca' é efeito e não causa. A causa, é como pensamos em política. Como mudar o que pensamos? Pra mim existem dois meios possíveis: Um é pelo amor e outro pela dor:
1) Educação, Instrução, Conscientização. 'O maior inimigo de um governo corrupto é um povo culto'. Reconstruir na mente das pessoas um novo pensamento a respeito de política. Isso pode ser muito lento e podem passar gerações inteiras até que se tenha algum fruto. Isso eu chamo de caminho do amor.
2) Uma guerra civil o bastante violenta pra imputar através da dor na mentalidade do povo que é necessário honra pra governar. Restaurar o orgulho político através do sofrimento na luta por liberdade e pela justiça. Isso aconteceu nos EUA e na França e parece terem feito muito bem a eles mesmos. No Brasil se vive uma estranha normalidade com todas as mazelas da política e quase uma 'paralisia', falta confronto, falta sede por justiça. Sobra covardia.
Pax et Lux