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segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

A EMPATIA QUE EMPREGA

 
Em uma entrevista de emprego, preferências culturais e atividades de lazer podem ter mais peso do que qualificações para a vaga. De acordo com uma pesquisa publicada no periódico científico American Sociological Review, os avaliadores mostram-se mais interessados em contratar uma pessoa que gostariam de ter como amigo (ou parceiro romântico), do que alguém que tenha as melhores qualificações para o cargo. Durante o levantamento de dados, a pesquisadora Lauren Rivera, professora de Sociologia na Northwestern University, nos Estados Unidos, usou informações colhidas em 120 entrevistas com empregadores de bancos de investimento, escritórios de direito e consultorias financeiras nos Estados Unidos. Todos os entrevistados eram responsáveis pela contratação de candidatos em início de carreira em suas empresas.
 
As empresas, de ponta em suas respectivas áreas, conferiam um peso considerável à qualificação dos candidatos, incluindo aspectos como notas na universidade e conhecimento prévio das atividades relacionadas à vaga. “Obviamente, os empregadores estão em busca de pessoas que tenham um padrão mínimo de habilidades para realizar o trabalho”, diz Lauren Rivera. “Mas, além disso, os empregadores também querem pessoas com quem eles possam estabelecer laços, em cuja companhia eles se sintam bem. Portanto, eles não contratam necessariamente os candidatos mais bem qualificados.”
 
As entrevistas revelaram, de acordo com Rivera, que mais da metade dos avaliadores no estudo aplicou um conceito chamado de "adequação cultural" como o mais importante critério em uma entrevista de emprego. Um dos entrevistados, de um escritório de direito, explicou o conceito da seguinte maneira: "Nos nossos novos colaboradores, estamos antes de tudo procurando por compatibilidade cultural. Alguém que... se encaixe”. De acordo com Rivera, essa noção de adequação cultural é baseada em preferências de lazer e referências culturais. “Foi um conceito-chave na avaliação das firmas", escreve a autora no estudo. “Não significa que os profissionais estão contratando pessoas sem qualificação. Mas parecem eleger de uma maneira que mais se assemelha à escolha de amigos ou parceiros românticos.”
 
Ao site da rede americana NBC, a professora diz ter se surpreendido com o modo aberto com o qual os entrevistadores assumiram dar peso a características afetivas. “Eu esperava que as pessoas fossem mais reservadas em abordar isso. Mas me parece que faz parte do jogo: 'eu preciso me dar bem com você.'”
 
Rivera aponta algumas das coisas em comum que podem fazer a diferença na identificação de empatia: “Os dois têm o mesmo nível de educação formal? Os dois gostam das mesmas atividades de lazer? Gostam de falar um com o outro?”
 
Ela ressalta que seu estudo se focou em empresas da área de negócios e de advocacia nos Estados Unidos. Ainda assim, os resultados poderiam ser parecidos em outros ramos. “Acredito que o processo é generalizado, mas o peso das afinidades pode variar de ocupação para ocupação. Se você está contratando um neurocirurgião, acredito que há mais ênfase nas qualificações e no desempenho do que na empatia.”
 
 

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