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O objetivo deste blog é discutir idéias, expor pontos de vista. Perguntar mais do que responder, expressar mais do que reprimir, juntar mais do que espalhar. Se não conseguir contribuir, pelo menos provocar.

domingo, 30 de setembro de 2012

IMPRENSA: VOZ DA DEMOCRACIA OU PODER PARALELO?

Olá
 
Você acha que é possível alguém emitir uma opinião imparcial? Como poderíamos classificar uma crítica como efetivamente isenta? Inicio este artigo com estas questões, pois ouço muito rádio, e este é um dos principais veículos de comunicação que uso para manter-me atualizado. É comum em quase todas as emissoras de rádio e TV ouvir e ver vinhetas identificando programas e profissionais do jornalismo nacional e regional vendendo a imagem de credibilidade e imparcialidade. Sinceramente eu tenho minhas dúvidas e não consigo conter-me. Preciso perguntar: Até que ponto o jornalista ou comunicador têm a capacidade de manter-se isento na opinião que expõe? Como sua percepção e preferência podem não contaminar e produzir certa tendência à crônica que ele oferece a sociedade? 

Em um paralelo mais simples, a luz da filosofia clínica e de sua conversação com a filosofia de Emmanuel Levinas poderia perguntar: O quanto de mim eu levo ao mundo do outro para compreendê-lo? Reescrevo a pergunta: O quanto do jornalista vai em sua crítica quando ele vem a nosso mundo para descrevê-lo ou analisa-lo?  Para mim as “vinhetinhas de credibilidade e imparcialidade” perderam o sentido ha algum tempo, e se entender o porquê interessar ao leitor, explico: Na série especial de 40 anos do Jornal Nacional a Rede Globo veio de público reconhecer através de seu ícone de seriedade e credibilidade, Willian Bonner, que o JN ‘provavelmente pecou’ na edição do debate entre Lula e Collor em 1989, e que a edição que só mostrou as virtudes de Collor e os erros de Lula durante o debate, “pode” ter influenciado no resultado daquela eleição. Você acredita neste tipo de 'pecado'?

Trazendo a prosa para nosso mundo regional, me canso de ouvir uma música que insiste em tocar numa nota só. Olho para a história e vejo alguns motivos que levam o músico tocar a canção desta forma. Prefiro trocar de estação. Decepciono-me ainda mais. Ouço que nesta estação o ouvinte tem voz e vez, mas quando este se manifesta e a opinião é diferente do comunicador, seu pensamento é compartilhado no ar, e no ar mesmo, o espectador é ‘detonado’ sem piedade por aquele que empunha o microfone. Ou ele empunha um punhal? "Que maravilha" deve pensar a maioria ignorante que acha isso sinceridade e coragem. Para mim esta atitude tem nome: Covardia! Alguns dirão: Este é o papel da imprensa. Acredito na imprensa livre para emitir sua opinião, mas alguns segmentos de nossa impressa eu acho que faz o papel parecido com aquele amigo ‘brincalhão’ do grupo, que faz piada com todo mundo, mas quando alguém brinca com ele o engraçadinho vira um “bicho”, todo ‘dodóizinho’!

Já diria J. C. Bertrand no livro O Arsenal da Democracia (2002, p. 143): “Numa democracia, a imprensa é simultaneamente uma indústria, um serviço público e o quarto poder político. Desta tríplice natureza decorre a maioria de seus problemas, pois ela acarreta uma associação conflituosa entre quatro grupos: os cidadãos, os jornalistas, os proprietários dos materiais e os dirigentes da nação, eleitos ou nomeados.”  Chego então a um dilema: Seria a impressa a voz da democracia e da liberdade, ou este quarto poder citado por Bertrand? Provavelmente as duas respostas estarão certas.

Veremos alguns jornalistas vestidos de heróis libertadores do pensamento e do sentimento de uma sociedade, mas outros também revestidos deste quarto poder que emana dos microfones, câmeras e papéis, e que chegam até nós através dos olhos e vozes de quem tem sim uma opinião escondida em suas entrelinhas. Mesmo que suas vinhetas os tentem vende-los como personagens acima do bem e do mal, praticamente semi-infalíveis, são tão humanos e passionais quanto qualquer um de nós, seus espectadores, porém debaixo do signo da fama e da visibilidade desejada por grande parte da sociedade.

Façamos um ótimo novo mês.

Por André Topanotti - Criciúma/SC - 30/09/2012.

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

QUANDO A SECA SÉCA A MENTE


Fizemos um passeio nestas ferias de julho e além dos momentos agradáveis junto de nossos queridos e amados, paisagens fotografias e bobagenzinhas de viagem vieram na bagagem. É aquele tipo de passeio que deveríamos vez por outra fazer em família. Muito legal! Agora uma imagem me impressionou muito: A seca no interior do estado gaúcho. Iniciamos nosso passeio no norte do estado e no meio da semana seguimos em direção a São Gabriel, a princesa das Coxilhas, cidade de cerca de 60.000 habitantes, bem cuidada e caprichosa, cidade polo cravada no coração do pampa gaúcho. Meu espanto foi durante o caminho perceber riachos antes caudalosos e protegidos por matas ciliares verdes e viçosas, totalmente secos e ladeados por um mato amarelo acinzentado. Que triste! Continuando a descer a BR 289, mais a frente outra cena triste aos meus olhos: Reflorestamentos de pinus secos, como se tivessem sido queimados, porem apenas as arvores das áreas altas das coxilhas estavam nesta situação, denunciando que a causa era realmente reflexo da falta d'agua que se estende por mais de 6 (seis) meses. Gado magro, pastagem seca e a poeira alta que se levantava no fundo da paisagem acusava que um carro estava vindo em direção à rodovia pela estrada de chão. Este quadro me fez lembrar-se de Israel e a sua cultura no uso da agua. Que diferença daquele país! A situação pode parecer diferente, mas penso que as adversidades encontradas durante sua historia, produziu nos Judeus uma cultura voltada fortemente para o senso coletivo, e pasmem, com uma visão sustentada em um modelo mental de abundancia! Sim, eles entendem que ha possibilidade de todos terem acesso a agua. Eis porque digo que o modelo mental e diferente. E diferente dizer: "Tem para todos, o que precisamos e de estratégias." Muito diferente de dizer: "Não tem para todos, precisamos fazer algo." Muitas pessoas não se atêm as questões como estas, mas não se trata apenas de jogos de palavras, tem haver  com a origem de uma determinada filosofia de vida, e de como um determinado modelo mental esta organizado. Tentando fundamentar este pensamento resgato a seguir texto de Dulce Magalhaes o qual recorto do livro "O foco define a sorte", e esta filosofa contemporanea e muito feliz ao escrever sobre escasses e abundancia, que reproduzo com muita estima nos parágrafos a seguir:
 


"Muitos valores herdados e das crencas aprendidas foram construidos a partir da perspectiva de outro tempo, mais restrito, de escassez, de medo ou ate mesmo de intolerancia. Edificamos uma sociedade baseada nessa escasses e aprendemos a desconfiar do sucesso e a nao acreditar na condicao de uma felicidade perene. "O que e bom dura pouco" e algo que repetimos como um mantra, uma oracao, sem ter a nocao de que tudo que se repete o cerebro aprende e opera. E hora de transcender algumas informacoes ha muito aprendidas. A vida e a melhor e melhor oportunidade e, enquanto estamos vivos, o bom esta em acao. Foco e tudo aquilo para o qual voltamos o nosso olhar. "O que vem facil vai facil" e outra afirmacao em que acreditamos sem questionar. Operamos a vida em um estado permanente de esforço para justificar essa frase. Mesmo em relação àquilo que fazemos com prazer que e facil fazer, costumamos dar uma "reclamadinha" para ninguem achar que e fácil. Esse estado de escasses, a crença de que não há para todos, gera três atitudes pessoais da seguinte ordem:

1 - Se é escasso então primeiro vou cuidar de mim, primeiro vou resolver meus problemas, depois se tiver tempo e condições vou ajudar os outros, atitude estaque gera EGOÍSMO;

2 – Se é escasso, então alguém vai ganhar, e alguém vai perder, gerando uma atitude de COMPETIÇÃO;

3 – Se é escasso então um dia vai faltar, por isso preciso guardar reservas, e isto gera a terceira atitude que é o ACÚMULO, e na sequencia o consumismo, que gera ainda maior escassez;

Agindo com base no EGOÍSMO, na COMPETIÇÃO e no ACÚMULO, criamos uma sociedade desigual, injusta e excludente, que leva a uma realidade violenta e insegura.

Porém se saímos da escassez e acreditarmos na abundância, na idéia de que há para todos, podemos mudar a realidade vigente. O paradigma da abundância opera da seguinte forma:

1 – Se há para todos, então não preciso me preocupar comigo mesmo e posso contribuir com todos, e esta atitude gera o ALTRUÍSMO, em que o centro da experiência passa pela solidariedade.

2 – Se há para todos, não haverá perdedores e vencedores portanto não precisamos competir. Todos podem ganhar e esta atitude gera COOPERAÇÃO;

3 – Se há para todos não é preciso acumular e não há por que ter mais do que se necessita. Esta atitude gera a PARTILHA, em que as potencialidades e dificuldades individuais são absorvidas pela comunidade, criando uma condição maior de igualdade de oportunidades.

 Se os valores de base das pessoas forem o ALTRUÍSMO, a COOPERAÇÃO e a PARTILHA, essa será uma sociedade justa, inclusiva e próspera. Esse é o estado-base da paz. A paz portanto é fruto de uma forma de ver a vida e o mundo, que muito antes do desejo da não-violência está no jeito como nos organizamos para ver e viver no mundo.”
 

Lembro me do contraste que foi, ao chegar de Israel e ver na TV noticias sobre a seca no nordeste. Digo isto porque tive a oportunidade de ver que se existe uma árvore frutífera em Israel, isso se deve a um sistema de irrigação fantástico, de tecnologia avançada. Além disto, a comunidade judaica sabe que precisa ser consciente no uso da água, pois vive em um deserto, mas pasmem: Este país produz desde frutas típicas do oriente e do mediterrâneo até frutas tropicais como bananas, como você pode conferir na foto ao lado, registrada por este bloggeiro com sua nada profissional máquina digital. Acredite: Em todo lugar que há um arbusto verde, há um sistema de irrigação artificial. Incrível.

 
Bem, diante disto, e do texto de Dulce Magalhães, olho para nosso país e fico imaginando e me questionando se a questao realmente é a condição geográfica de nosso desértico nordeste, ou a falta de vontade politica, talvez ainda o interesse pela manutencao da pobreza, ou pior ainda, por incompetencia técnica, que não temos aquela região irrigada e livre da miséria da terra. Por que não aprovam a transposição do São Francisco? Creio que se estivessemos num país com a cultura semelhante a dos judeus a transposição seria feita do rio Amazonas, e por via subterrânea para a água não evaporar no caminho!
 

Pretendo encerrar este artigo provocando você leitor, a pensar, o quanto nossa cultura individualista têm "secado" nossa mente e desta forma, impedido todos nós de viver dias melhores em nossa sociedade. Pense nisto, pois como diria Victor Hugo: "Não há nada como o sonho para criar o futuro. Utopia hoje, carne e osso amanhã."  Para mim ainda vale a pena sonhar e acreditar, e para você?
 
Força e coragem amigos!
 
 
Por André Topanotti - Criciúma/SC - 27 de Setembro de 2012.

terça-feira, 25 de setembro de 2012

Semana de Atividades Intensas na ABRH-SC


Semana passada (18 à 21 de setembro) foi uma semana marcada por eventos de grande sucesso, realizados pela ABRH Seccional Santa Catarina, e suas afiliadas, as Regionais de Criciúma, Tubarão e Brusque. Para conduzir os encontros com profissionais de RH do sul ao norte do estado, esteve compartilhando as tendências desta área, Rogério Chér onde partilhou com um público de mais de 1.000 pessoas em todo o estado, sobre um tema rico e contemporâneo: A Relação Pessoas e Organizações. Rogério Chér responde pela Empreender Vida e Carreira. É administrador de empresas formado pela FGV (SP), com MBA em Comércio Internacional pela USP. Foi fundador e primeiro presidente da primeira Empresa Júnior do Brasil, a Empresa Júnior da GV. Na DBM do Brasil, atuou como consultor de carreira, coordenou o Núcleo de Empreendedores e foi vice-presidente de operações para a América Latina. Chér foi diretor corporativo de RH da Natura. É professor da FAAP nas disciplinas de Formação de Empreendedores e Comportamento Organizacional. Também atua como professor nos cursos da FGV sobre Empreendedorismo e Criação de Novos Negócios. É autor de livros sobre empreendedorismo e gestão, cujo último título lançado pela Editora Elsevier chama-se Empreendedorismo na veia - um aprendizado constante.



CRICIÚMA: MAIS DE 400 PESSOAS NA 1ª NOITE DE TALENTOS HUMANOS
 
Na noite do dia 18/09, mais de 400 pessoas estiveram no Centro de Eventos Germano Riggo, em Criciúma para o 1º Encontro ee Talentos humanos da ABRH Regional Criciúma. O tema  O Palestrante da noite, Rogério Chér, abordou o tema "PORQUE TRABALHAMOS: Alinhamento Indivíduo e Organização." Na oportunidade, Sirlei Tamanini, presidente da ABRH Criciúma agradeceu as patrocinadores e apoiadores do evento e Chér pôde apresentar além de algumas técnicas para alinhamento entre pessoas e empresas, a provocação inicial nos fez refletir: "Cremos firmemente que não iremos ter dificuldades em nossos trabalhos, em nossas empresas? Por que fugimos da dor que as adversidades nos propõe? O que nos faz crer que este local será um local de 'lazer'?" Boa pergunta não acha?
 
Durante a palestra foram abordadas questões como reter ou engajar o profissional? O que leva o profissional  a experimentar um nível superior de comprometimento e engajamdento com as empresas? As pessoas se cansam de suas atribuições e de suas responsabilidades, ou será que na verdade elas querem se desfazer do relacionamento com sua liderança? Como o alinhamento do indivíduo com a organização em valores e propósitos favorece o engajamento? Na oportunidade a Sociedade Brasileira de Coach sorteou 10 cursos a serem ministrados a distância. No registro da foto ao lado também, a presidente da ABRH Criciúma, presenteia o palestrante com um produto original de nossa região.
 
 
TUBARÃO: CERCA DE 300 PESSOAS CONFERIRAM A PALESTRA DE CHÉR
 
Na noite seguinte (19), cerca de 300 pessoas foram ao Clube Cidade Luz para debater o tema  sobre "Desenvolvendo o comprometimento nas organizações”. Dentre os participantes gestores da área de recursos humanos e gestão de pessoas de empresas de Tubarão e região além líderes e gestores de equipes e empresários. As provocações propostas nesta palestra levou os participantes a refletir: "Quais as causas significativas que as empresas e organizações estão propondo para seus profissionais? Quais os PORQUÊS efetivamente significativos que são propostas às pessoas. Nietche fundamenta que: Quem tem um PORQUÊ, suporta qualquer COMO!" Outra inteligente abordagem de Chér foi a respeito do propósito pessoal. Empresas formalizam seus propósitos em nos exercícios de Planejamento Estratégico, e os expõe através de sua visão, missão e valores. E você como profissional, como indivíduo, qual seu propósito? Nesta reflexão, vale mais 'ter' a pergunta do que resposta, disse Chér.


ABRH BRUSQUE E A TEMPO E TRABALHO REALIZAM NOITE DE GESTÃO DE PESSOAS
 
Na noite de quinta feira (20) mais de 250 gestores de pessoas e líderes empresariais  ouviram Rogério Cher abordar o tema Porque alguém desejaria trabalhar na sua empresa?. O local do encontro foi a sede do Centro Empresarial Social e Cultural de Brusque, e a promoção foi uma iniciativa da ABRH Regional Brusque e a Consultoria Tempo e Trabalho, consultoria em Gestão de Pessoas.

 
BRUSQUE RECEBE LÍDERES DE TODO ESTADO NO 4º FÓRUM DE DIRIGENTES DE RH

Na tarde da última sexta-feira (21), o 4º Fórum de Dirigentes de Recursos Humanos promovido pela ABRH-SC (Associação Brasileira de Recursos Humanos – Seccional SC) em parceria com a ABRH-Regional Brusque, reuniu líderes catarinenses de organizações públicas e privadas, para discutir o panorama atual da área de Recursos Humanos e suas diretrizes futuras.
 
O evento, que aconteceu na sede da Unimed Brusque, foi conduzido pelo coach Rogério Chér, ex-diretor corporativo de RH da Natura e que atualmente responde pela Empreender Vida e Carreira. A partir do tema do Fórum - “As Pessoas no Negócio ou o Negócio das Pessoas” - Chér abordou a motivação dos profissionais no local onde trabalham, a partir de discussões que envolveram os participantes e os instigaram a refletir sobre as tendências do RH. “O propósito foi a discussão e a integração dos participantes sobre o significado que o trabalho possui para a vida das pessoas”, afirma o coordenador do evento, Fabio Luis de Oliveira.
 
Com o patrocínio da Drogaria Catarinense, Maná, Senac, Sênior e Unimed Brusque e como apoiadores de gestão o Grupo RBS e o Hotel Plaza Blumenau, o Fórum trouxe a Brusque  um grupo de mais de 80 executivos da área de RH de SC, selecionados e convidados pela ABRH-SC e suas regionais. “Com certeza o Fórum contribuiu para o estabelecimento das diretrizes que nortearão a área de RH nos próximos anos”, finaliza Fabio.

“O evento é um dos três produtos estratégicos da ABRH-SC. O Fórum, com certeza, é o mais estratégico deles, visto que é direcionado aos principais líderes de RH do estado catarinense, abordando as tendências e desafios para o futuro, o que comprova a sua relevância”, comentou a presidente da ABRH-SC, Luzia Frolich. Rogério Chér avaliou que a “dinâmica feita no Fórum gera a oportunidade dos dirigentes de RH buscarem um alinhamento integral entre indivíduo e organização para obterem um nível maior de comprometimento”.
 
Na foto acima o registro agradecido deste bloggeiro com a presidente da ABRH Brusque Goreti Maestri e o palestrante Rogério Cher, aos quais reconhece especial apreço pelos momentos de relevante contribuição pessoal e profissional.

Ao leitor que tiver o interesse do material das palestras, deixe sua solicitação e email no campo comentários, que atenderei oportunamente.

Forte abraço, força e coragem amigos!


Por André Topanotti - Criciúma/SC - 25 de Setembro 2012
 

 

sábado, 22 de setembro de 2012

Não Estou Ouvindo Nada



Shalom!  
 
Depois de cumprir agenda 'emocionante' esta semana pela ABRH (Associação Brasileira de Recursos Humanos) em Criciúma e Brusque, separo um tempo para dividir com vocês mais um texto de meu professor e colega de caminhada filosófica, Rosemiro Selfstron. O Tema: O OUVIR. É comum lermos e ouvirmos sobre o "saber ouvir"... mas o escritor neste artigo vai um pouco além. Porque? Vale a pena ler até o final.

Sobre a 'semana emocionante', aguarde matéria e artigo especial que divulgarei amanhã (23) junto com material disponibilizado pelo conferencista Rogério Chér sobre alinhamento indivíduo e organização.
 
Tenham um ótimo final de semana!
 
André Topanotti
  
Por Rosemiro Selfstron
 
Não é de hoje que escuto histórias sobre pessoas que só ouvem o que querem ouvir. Normalmente pode-se falar de tudo perto da pessoa que ela não escuta, mas se falar sobre algo que a interessa ou chame sua atenção, logo ela se manifesta: “Hã?” Parece estranho, mas isso não acontece só com pessoas mais velhas que usam a desculpa da surdez para não se envolver em alguma questão sem sentido. Esse recurso também é muito usado por pessoas mais novas. Essa “surdez existencial” acontece por alguns motivos, podemos pensar em alguns.

Imagine que você trabalha como vendedor e está com seus produtos ou portfólio mostrando a um cliente que se mostra reticente, nega a compra. Você, como o perspicaz vendedor que é não escuta a negativa e continua tranquilamente argumentando por seu produto. Não é que não tenha escutado, mas é conveniente fazer de conta que não escutou. Essa surdez serve a um propósito: a venda de um produto. Imagine se o vendedor parar de mostrar o seu produto cada vez que receber um não? Quantos produtos você já comprou pela insistência do vendedor? Sem essa surdez, provavelmente o vendedor não sobreviveria com suas vendas. 
 
Outro caso é daquelas pessoas que não ouvem uma parte de si, são surdas para si mesmas. Você, será que é surdo? “Claro que não!”, podes responder, mas acho que muitos provavelmente são surdos para si mesmos. Quantos de vocês já sentiram dores de dente, o corpo já está avisando que é hora de voltar ao dentista, mas nem por isso foi. Há também o antigo, na verdade novo problema criado pela balança. Basta ver a quantidade de pessoas que percebem claramente o corpo dizendo para diminuir a quantidade de alimento, de bebida, mas não param. Um último exemplo desses é a mulher que se casou com um marido violento, a razão dela diz que ela corre perigo, mas nem por isso ela vai embora.

O ouvido, assim como os olhos, os músculos e qualquer outra parte de nosso organismo precisa ser treinado para que tenha um bom desempenho. Um atleta que treina para um campeonato de tiro, enquanto engatilha sua arma e olha para o alvo, presta cem por cento de atenção naquilo que vai lhe dar o resultado. Um maestro, enquanto rege sua orquestra, percebe cada um dos instrumentos, desde a afinação, o tom, o tempo, tudo. Essa atenção se dá pelo objetivo que ele tem, ou seja, fazer com que o som produzido seja o melhor possível.

O problemático é que sem ouvir não há como responder e muitas pessoas respondem mesmo sem entender o que foi dito. São como surdos que erraram a leitura labial, mas respondem mesmo assim. Como saber? Na maior parte das vezes é bastante simples examinar se a resposta tem a ver com o que foi falado, ver se o que é dito tem a ver com o assunto. Pessoas que não escutam frequentemente reclamam de maus entendidos, mas na maioria das vezes elas mesmas provocaram o mal entendido.

Se você disser a sua mulher: “Como você está linda hoje!” e depois disso ela lhe perguntar se estava feia ontem, provavelmente ela não lhe ouviu. Limpe os ouvidos dela dizendo: “Não foi isso que eu disse. Eu disse que você está linda hoje. Não falei de ontem”. É preciso estar atento ao discurso do outro, de modo a ouvir o que ele realmente diz, não aquilo que você quer ouvir.
 
 



domingo, 9 de setembro de 2012

Eu Comigo


Olá Amigos!

Lendo o artigo abaixo percebi como por vezes não questionamos se nós conseguimos ter êxito no relacionamento conosco mesmo. Como somos no relaciomento do "eu e eu", aquele momento onde não tem ninguém olhando... alguém por perto, ou quando a casa fica vazia no sábado a tarde. Já parou pra pensar?
 
Então, inicio esta semana indicando mais um texto de  meu professor e amigo Rosemiro Selfstron, filósofo, docente do curso de pós graduação em Filosofia Clínica da UNESC.
 
Tenha e faça uma excelente semana!
 
 
André Topanotti

 

 
Por Rosemiro Selfstron

Há alguns termos em Filosofia Clínica que são corriqueiros. Um deles é “Estrutura de Pensamento”, geralmente tratada só por EP. Esse termo significa a estrutura construída pelos dados que retiramos da história de vida da pessoa. Todo o conteúdo de vida da pessoa é alocado em trinta tópicos, os quais se combinam e derivam criando uma estrutura única. Dos trinta tópicos, um deles chama-se Interseção de EPs, o qual mostra ao filósofo que escuta a história de vida da pessoa o modo como ela se conecta a outra pessoa. Essa conexão pode se dar de diversas formas, mas basicamente tem quatro qualidades, pode ser: positiva, negativa, variável ou confusa. A interseção recomendável para um trabalho terapêutico entre o partilhante e o filósofo é a positiva, mas há casos em que as outras qualidades também podem acontecer.


Quando estabeleço uma interseção de EP com outra pessoa, coloco uma série de conteúdos meus na relação com o outro, como por exemplo, uma mulher que começa um relacionamento porque está apaixonada pelo homem. Ela coloca suas emoções em contato com ele, além de muitos outros conteúdos, mas o que liga ela ao homem é o amor. Ele, por sua vez percebe nela uma mulher bonita e se liga a ela pela beleza dela. Veja que interessante: um coloca amor e outro senso estético. Não há nada de mais, se para ela e para ele a relação está de acordo, tudo bem. Mas nem sempre a interseção que estabelecemos é com o outro, algumas vezes essa interseção se dá com a gente mesmo.

 
Quando eu sou meu próprio companheiro, como sou? Há alguns amigos que gostam muito de caminhar e geralmente ouço a frase: “É no caminho que a gente se encontra”. Quando dizem essa frase, para mim ao menos, estão dizendo que é ao longo da solidão do caminho que entram em contato consigo mesmos. Algumas pessoas estão tão voltadas para o mundo externo que deixaram de si mesmas e não sabem mais como voltar. Se encontrar não é algo necessariamente bom, algumas pessoas já se encontraram e descobriram que são péssimas companhias para si mesmas. São pessoas que quando estão sozinhas se dão filmes ruins, livros ruins, pensamentos ruins, emoções ruins, enfim, são pessoas que se dão a si mesmas o que não dariam a seu pior inimigo.


É interessante constatar que muitas dessas pessoas procuram terapia sem saber porque sempre que estão sozinhas sua vida vai mal. Não entendem o motivo de sua vida ficar tão ruim nos momentos em que estão sós. Em muitos casos o que ocorre é que estas pessoas não são boas em cuidar, dar carinho, ter paciência e orientar a si mesmas. Esse comportamento de tratar mal a si mesmo faz com que tenham que se afastar de si para que não se machuquem. Não tem nada de mais, algumas pessoas descobriram que são péssimos companheiros para si mesmos, por isso buscam companhia em outras pessoas.

Quando estivermos sozinhos com nós mesmos, temos a oportunidade de nos dar o que cultivamos de melhor. Quando estou só, posso me dar aquilo que mais gosto, por exemplo bons pensamentos. Também posso me dar uma boa conversa comigo mesmo, aquela conversa de amigo, companheiro, que entende que a jornada da vida não é uma linha reta. Um companheiro, que sabe que o tempo e a beleza passam, mas que se continuar se acompanhando e cultivando aquilo que tem de melhor pode ficar muito bem. Não há uma receita, mas uma recomendação: procure ser um bom companheiro para si mesmo, nem sempre estaremos acompanhados na vida.


Artigo de Rosemiro Selfstron publicado em http://www.filosofiaclinicasc.com.br/ em 05/09/2012.

terça-feira, 4 de setembro de 2012

Obsecados com “O Melhor”




Olá
 
O texto que recorto do blog do Guará (http://www.seuguara.com.br) é de autoria de Leila Ferreira. Escritora, formada em Letras e Jornalismo, com mestrado em Comunicação pela Universidade de Londres. Apresentou por quase 10 anos o programa "Leila Entrevistas" (Rede Minas e TV Alterosa/SBT). Hoje, Leila Ferreira vive em Belo Horizonte. O texto é uma provocação ao pensamento crítico do "ter" o melhor, e em minha leitura, contraponho com a necessidade de pensarmos em "ser" melhores, o que parece estar sendo renegado a um plano secundário. Também não quero com isto defender a estagnação e a obsolescência do homem, mas pensar nos efeitos deste comportamento seria no mínimo oportuno. Tire suas conclusões lendo este artigo, que para mim, vale a pena ler e reler.
 
Ótimo final de semana!
 
André Topanotti 
 
 

Por Leila Ferreira.

Estamos obcecados com "o melhor". Não sei quando foi que começou essa mania, mas hoje só queremos saber do "melhor". Tem que ser o melhor computador, o melhor carro, o melhor emprego, a melhor dieta, a melhor operadora de celular, o melhor tênis, o melhor vinho. Bom não basta. O ideal é ter o top de linha, aquele que deixa os outros pra trás e que nos distingue, nos faz sentir importantes, porque, afinal, estamos com "o melhor". Isso até que outro "melhor" apareça - e é uma questão de dias ou de horas até isso acontecer. Novas marcas surgem a todo instante. Novas possibilidades também. E o que era melhor, de repente, nos parece superado, modesto, aquém do que podemos ter. O que acontece, quando só queremos o melhor, é que passamos a viver inquietos, numa espécie de insatisfação permanente, num eterno desassossego. Não desfrutamos do que temos ou conquistamos, porque estamos de olho no que falta conquistar ou ter. Cada comercial na TV nos convence de que merecemos ter mais do que temos. Cada artigo que lemos nos faz imaginar que os outros (ah, os outros...) estão vivendo melhor, comprando melhor, amando melhor, ganhando melhores salários. 
 
Aí a gente não relaxa, porque tem que correr atrás, de preferência com o melhor tênis. Não que a gente deva se acomodar ou se contentar sempre com menos. Mas o menos, às vezes, é mais do que suficiente. Se não dirijo a 140, preciso realmente de um carro com tanta potência? Se gosto do que faço no meu trabalho, tenho que subir na empresa e assumir o cargo de chefia que vai me matar de estresse porque é o melhor cargo da empresa? E aquela TV de não sei quantas polegadas que acabou com o espaço do meu quarto? O restaurante onde sinto saudades da comida de casa e vou porque tem o "melhor chef"? Aquele xampu que usei durante anos tem que ser aposentado porque agora existe um melhor e dez vezes mais caro? O cabeleireiro do meu bairro tem mesmo que ser trocado pelo "melhor cabeleireiro"?
 

Tenho pensado no quanto essa busca permanente do melhor tem nos deixado ansiosos e nos impedido de desfrutar o "bom" que já temos. A casa que é pequena, mas nos acolhe. O emprego que não paga tão bem, mas nos enche de alegria. A TV que está velha, mas nunca deu defeito. O homem que tem defeitos (como nós), mas nos faz mais felizes do que os homens "perfeitos". As férias que não vão ser na Europa, porque o dinheiro não deu, mas vai me dar a chance de estar perto de quem amo...  O rosto que já não é jovem, mas carrega as marcas das histórias que me constituem.  O corpo que já não é mais jovem, mas está vivo e sente prazer. Será que a gente precisa mesmo de mais do que isso, ou será que isso já é o melhor e na busca do "melhor" a gente nem perceber?