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O objetivo deste blog é discutir idéias, expor pontos de vista. Perguntar mais do que responder, expressar mais do que reprimir, juntar mais do que espalhar. Se não conseguir contribuir, pelo menos provocar.

domingo, 30 de setembro de 2012

IMPRENSA: VOZ DA DEMOCRACIA OU PODER PARALELO?

Olá
 
Você acha que é possível alguém emitir uma opinião imparcial? Como poderíamos classificar uma crítica como efetivamente isenta? Inicio este artigo com estas questões, pois ouço muito rádio, e este é um dos principais veículos de comunicação que uso para manter-me atualizado. É comum em quase todas as emissoras de rádio e TV ouvir e ver vinhetas identificando programas e profissionais do jornalismo nacional e regional vendendo a imagem de credibilidade e imparcialidade. Sinceramente eu tenho minhas dúvidas e não consigo conter-me. Preciso perguntar: Até que ponto o jornalista ou comunicador têm a capacidade de manter-se isento na opinião que expõe? Como sua percepção e preferência podem não contaminar e produzir certa tendência à crônica que ele oferece a sociedade? 

Em um paralelo mais simples, a luz da filosofia clínica e de sua conversação com a filosofia de Emmanuel Levinas poderia perguntar: O quanto de mim eu levo ao mundo do outro para compreendê-lo? Reescrevo a pergunta: O quanto do jornalista vai em sua crítica quando ele vem a nosso mundo para descrevê-lo ou analisa-lo?  Para mim as “vinhetinhas de credibilidade e imparcialidade” perderam o sentido ha algum tempo, e se entender o porquê interessar ao leitor, explico: Na série especial de 40 anos do Jornal Nacional a Rede Globo veio de público reconhecer através de seu ícone de seriedade e credibilidade, Willian Bonner, que o JN ‘provavelmente pecou’ na edição do debate entre Lula e Collor em 1989, e que a edição que só mostrou as virtudes de Collor e os erros de Lula durante o debate, “pode” ter influenciado no resultado daquela eleição. Você acredita neste tipo de 'pecado'?

Trazendo a prosa para nosso mundo regional, me canso de ouvir uma música que insiste em tocar numa nota só. Olho para a história e vejo alguns motivos que levam o músico tocar a canção desta forma. Prefiro trocar de estação. Decepciono-me ainda mais. Ouço que nesta estação o ouvinte tem voz e vez, mas quando este se manifesta e a opinião é diferente do comunicador, seu pensamento é compartilhado no ar, e no ar mesmo, o espectador é ‘detonado’ sem piedade por aquele que empunha o microfone. Ou ele empunha um punhal? "Que maravilha" deve pensar a maioria ignorante que acha isso sinceridade e coragem. Para mim esta atitude tem nome: Covardia! Alguns dirão: Este é o papel da imprensa. Acredito na imprensa livre para emitir sua opinião, mas alguns segmentos de nossa impressa eu acho que faz o papel parecido com aquele amigo ‘brincalhão’ do grupo, que faz piada com todo mundo, mas quando alguém brinca com ele o engraçadinho vira um “bicho”, todo ‘dodóizinho’!

Já diria J. C. Bertrand no livro O Arsenal da Democracia (2002, p. 143): “Numa democracia, a imprensa é simultaneamente uma indústria, um serviço público e o quarto poder político. Desta tríplice natureza decorre a maioria de seus problemas, pois ela acarreta uma associação conflituosa entre quatro grupos: os cidadãos, os jornalistas, os proprietários dos materiais e os dirigentes da nação, eleitos ou nomeados.”  Chego então a um dilema: Seria a impressa a voz da democracia e da liberdade, ou este quarto poder citado por Bertrand? Provavelmente as duas respostas estarão certas.

Veremos alguns jornalistas vestidos de heróis libertadores do pensamento e do sentimento de uma sociedade, mas outros também revestidos deste quarto poder que emana dos microfones, câmeras e papéis, e que chegam até nós através dos olhos e vozes de quem tem sim uma opinião escondida em suas entrelinhas. Mesmo que suas vinhetas os tentem vende-los como personagens acima do bem e do mal, praticamente semi-infalíveis, são tão humanos e passionais quanto qualquer um de nós, seus espectadores, porém debaixo do signo da fama e da visibilidade desejada por grande parte da sociedade.

Façamos um ótimo novo mês.

Por André Topanotti - Criciúma/SC - 30/09/2012.

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