Olá Amigos!
Lendo o artigo abaixo percebi como por vezes não questionamos se nós conseguimos ter êxito no relacionamento conosco mesmo. Como somos no relaciomento do "eu e eu", aquele momento onde não tem ninguém olhando... alguém por perto, ou quando a casa fica vazia no sábado a tarde. Já parou pra pensar?
Tenha e faça uma excelente semana!
André Topanotti
Há
alguns termos em Filosofia Clínica que são corriqueiros. Um deles é “Estrutura
de Pensamento”, geralmente tratada só por EP. Esse termo significa a estrutura
construída pelos dados que retiramos da história de vida da pessoa. Todo o
conteúdo de vida da pessoa é alocado em trinta tópicos, os quais se combinam e
derivam criando uma estrutura única. Dos trinta tópicos, um deles chama-se
Interseção de EPs, o qual mostra ao filósofo que escuta a história de vida da
pessoa o modo como ela se conecta a outra pessoa. Essa conexão pode se dar de
diversas formas, mas basicamente tem quatro qualidades, pode ser: positiva, negativa,
variável ou confusa. A interseção recomendável para um trabalho terapêutico
entre o partilhante e o filósofo é a positiva, mas há casos em que as outras
qualidades também podem acontecer.
Quando
estabeleço uma interseção de EP com outra pessoa, coloco uma série de conteúdos
meus na relação com o outro, como por exemplo, uma mulher que começa um
relacionamento porque está apaixonada pelo homem. Ela coloca suas emoções em
contato com ele, além de muitos outros conteúdos, mas o que liga ela ao homem é
o amor. Ele, por sua vez percebe nela uma mulher bonita e se liga a ela pela
beleza dela. Veja que interessante: um coloca amor e outro senso estético. Não
há nada de mais, se para ela e para ele a relação está de acordo, tudo bem. Mas
nem sempre a interseção que estabelecemos é com o outro, algumas vezes essa
interseção se dá com a gente mesmo.
Quando
eu sou meu próprio companheiro, como sou? Há alguns amigos que gostam muito de
caminhar e geralmente ouço a frase: “É no caminho que a gente se encontra”. Quando
dizem essa frase, para mim ao menos, estão dizendo que é ao longo da solidão do
caminho que entram em contato consigo mesmos. Algumas pessoas estão tão
voltadas para o mundo externo que deixaram de si mesmas e não sabem mais como
voltar. Se encontrar não é algo necessariamente bom, algumas pessoas já se
encontraram e descobriram que são péssimas companhias para si mesmas. São
pessoas que quando estão sozinhas se dão filmes ruins, livros ruins,
pensamentos ruins, emoções ruins, enfim, são pessoas que se dão a si mesmas o
que não dariam a seu pior inimigo.
É
interessante constatar que muitas dessas pessoas procuram terapia sem saber
porque sempre que estão sozinhas sua vida vai mal. Não entendem o motivo de sua
vida ficar tão ruim nos momentos em que estão sós. Em muitos casos o que ocorre
é que estas pessoas não são boas em cuidar, dar carinho, ter paciência e
orientar a si mesmas. Esse comportamento de tratar mal a si mesmo faz com que
tenham que se afastar de si para que não se machuquem. Não tem nada de mais,
algumas pessoas descobriram que são péssimos companheiros para si mesmos, por
isso buscam companhia em outras pessoas.
Quando
estivermos sozinhos com nós mesmos, temos a oportunidade de nos dar o que
cultivamos de melhor. Quando estou só, posso me dar aquilo que mais gosto, por
exemplo bons pensamentos. Também posso me dar uma boa conversa comigo mesmo,
aquela conversa de amigo, companheiro, que entende que a jornada da vida não é
uma linha reta. Um companheiro, que sabe que o tempo e a beleza passam, mas que
se continuar se acompanhando e cultivando aquilo que tem de melhor pode ficar
muito bem. Não há uma receita, mas uma recomendação: procure ser um bom
companheiro para si mesmo, nem sempre estaremos acompanhados na vida.
Artigo de Rosemiro Selfstron publicado em http://www.filosofiaclinicasc.com.br/ em 05/09/2012.
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