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O objetivo deste blog é discutir idéias, expor pontos de vista. Perguntar mais do que responder, expressar mais do que reprimir, juntar mais do que espalhar. Se não conseguir contribuir, pelo menos provocar.

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

QUANDO A SECA SÉCA A MENTE


Fizemos um passeio nestas ferias de julho e além dos momentos agradáveis junto de nossos queridos e amados, paisagens fotografias e bobagenzinhas de viagem vieram na bagagem. É aquele tipo de passeio que deveríamos vez por outra fazer em família. Muito legal! Agora uma imagem me impressionou muito: A seca no interior do estado gaúcho. Iniciamos nosso passeio no norte do estado e no meio da semana seguimos em direção a São Gabriel, a princesa das Coxilhas, cidade de cerca de 60.000 habitantes, bem cuidada e caprichosa, cidade polo cravada no coração do pampa gaúcho. Meu espanto foi durante o caminho perceber riachos antes caudalosos e protegidos por matas ciliares verdes e viçosas, totalmente secos e ladeados por um mato amarelo acinzentado. Que triste! Continuando a descer a BR 289, mais a frente outra cena triste aos meus olhos: Reflorestamentos de pinus secos, como se tivessem sido queimados, porem apenas as arvores das áreas altas das coxilhas estavam nesta situação, denunciando que a causa era realmente reflexo da falta d'agua que se estende por mais de 6 (seis) meses. Gado magro, pastagem seca e a poeira alta que se levantava no fundo da paisagem acusava que um carro estava vindo em direção à rodovia pela estrada de chão. Este quadro me fez lembrar-se de Israel e a sua cultura no uso da agua. Que diferença daquele país! A situação pode parecer diferente, mas penso que as adversidades encontradas durante sua historia, produziu nos Judeus uma cultura voltada fortemente para o senso coletivo, e pasmem, com uma visão sustentada em um modelo mental de abundancia! Sim, eles entendem que ha possibilidade de todos terem acesso a agua. Eis porque digo que o modelo mental e diferente. E diferente dizer: "Tem para todos, o que precisamos e de estratégias." Muito diferente de dizer: "Não tem para todos, precisamos fazer algo." Muitas pessoas não se atêm as questões como estas, mas não se trata apenas de jogos de palavras, tem haver  com a origem de uma determinada filosofia de vida, e de como um determinado modelo mental esta organizado. Tentando fundamentar este pensamento resgato a seguir texto de Dulce Magalhaes o qual recorto do livro "O foco define a sorte", e esta filosofa contemporanea e muito feliz ao escrever sobre escasses e abundancia, que reproduzo com muita estima nos parágrafos a seguir:
 


"Muitos valores herdados e das crencas aprendidas foram construidos a partir da perspectiva de outro tempo, mais restrito, de escassez, de medo ou ate mesmo de intolerancia. Edificamos uma sociedade baseada nessa escasses e aprendemos a desconfiar do sucesso e a nao acreditar na condicao de uma felicidade perene. "O que e bom dura pouco" e algo que repetimos como um mantra, uma oracao, sem ter a nocao de que tudo que se repete o cerebro aprende e opera. E hora de transcender algumas informacoes ha muito aprendidas. A vida e a melhor e melhor oportunidade e, enquanto estamos vivos, o bom esta em acao. Foco e tudo aquilo para o qual voltamos o nosso olhar. "O que vem facil vai facil" e outra afirmacao em que acreditamos sem questionar. Operamos a vida em um estado permanente de esforço para justificar essa frase. Mesmo em relação àquilo que fazemos com prazer que e facil fazer, costumamos dar uma "reclamadinha" para ninguem achar que e fácil. Esse estado de escasses, a crença de que não há para todos, gera três atitudes pessoais da seguinte ordem:

1 - Se é escasso então primeiro vou cuidar de mim, primeiro vou resolver meus problemas, depois se tiver tempo e condições vou ajudar os outros, atitude estaque gera EGOÍSMO;

2 – Se é escasso, então alguém vai ganhar, e alguém vai perder, gerando uma atitude de COMPETIÇÃO;

3 – Se é escasso então um dia vai faltar, por isso preciso guardar reservas, e isto gera a terceira atitude que é o ACÚMULO, e na sequencia o consumismo, que gera ainda maior escassez;

Agindo com base no EGOÍSMO, na COMPETIÇÃO e no ACÚMULO, criamos uma sociedade desigual, injusta e excludente, que leva a uma realidade violenta e insegura.

Porém se saímos da escassez e acreditarmos na abundância, na idéia de que há para todos, podemos mudar a realidade vigente. O paradigma da abundância opera da seguinte forma:

1 – Se há para todos, então não preciso me preocupar comigo mesmo e posso contribuir com todos, e esta atitude gera o ALTRUÍSMO, em que o centro da experiência passa pela solidariedade.

2 – Se há para todos, não haverá perdedores e vencedores portanto não precisamos competir. Todos podem ganhar e esta atitude gera COOPERAÇÃO;

3 – Se há para todos não é preciso acumular e não há por que ter mais do que se necessita. Esta atitude gera a PARTILHA, em que as potencialidades e dificuldades individuais são absorvidas pela comunidade, criando uma condição maior de igualdade de oportunidades.

 Se os valores de base das pessoas forem o ALTRUÍSMO, a COOPERAÇÃO e a PARTILHA, essa será uma sociedade justa, inclusiva e próspera. Esse é o estado-base da paz. A paz portanto é fruto de uma forma de ver a vida e o mundo, que muito antes do desejo da não-violência está no jeito como nos organizamos para ver e viver no mundo.”
 

Lembro me do contraste que foi, ao chegar de Israel e ver na TV noticias sobre a seca no nordeste. Digo isto porque tive a oportunidade de ver que se existe uma árvore frutífera em Israel, isso se deve a um sistema de irrigação fantástico, de tecnologia avançada. Além disto, a comunidade judaica sabe que precisa ser consciente no uso da água, pois vive em um deserto, mas pasmem: Este país produz desde frutas típicas do oriente e do mediterrâneo até frutas tropicais como bananas, como você pode conferir na foto ao lado, registrada por este bloggeiro com sua nada profissional máquina digital. Acredite: Em todo lugar que há um arbusto verde, há um sistema de irrigação artificial. Incrível.

 
Bem, diante disto, e do texto de Dulce Magalhães, olho para nosso país e fico imaginando e me questionando se a questao realmente é a condição geográfica de nosso desértico nordeste, ou a falta de vontade politica, talvez ainda o interesse pela manutencao da pobreza, ou pior ainda, por incompetencia técnica, que não temos aquela região irrigada e livre da miséria da terra. Por que não aprovam a transposição do São Francisco? Creio que se estivessemos num país com a cultura semelhante a dos judeus a transposição seria feita do rio Amazonas, e por via subterrânea para a água não evaporar no caminho!
 

Pretendo encerrar este artigo provocando você leitor, a pensar, o quanto nossa cultura individualista têm "secado" nossa mente e desta forma, impedido todos nós de viver dias melhores em nossa sociedade. Pense nisto, pois como diria Victor Hugo: "Não há nada como o sonho para criar o futuro. Utopia hoje, carne e osso amanhã."  Para mim ainda vale a pena sonhar e acreditar, e para você?
 
Força e coragem amigos!
 
 
Por André Topanotti - Criciúma/SC - 27 de Setembro de 2012.

3 comentários:

  1. FERNANDO BITENCOURT POR FACEBOOK:
    texto bárbaro e verdadeiro. Desde criança vemos na TV a escassez de água, consequentemente secas no sertão nordestino, inserindo em nossas mentes a questão da "infelicidade" de localização geográfica. Realemente, hoje percebemos que na realidade, há falta de incentivo por parte do governo, em implanta sistemas de irrigação, como em Israel. Não é a sétima maior economia do mundo?

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  2. Esse texto me remete a Euclides de Cunha, que vivenciou e mostrou para a a sociedade em "Os Sertões" o que é realmente viver a escassez e abandonados a própria sorte , realidade esta do sertanejo.

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