Fizemos um passeio
nestas ferias de julho e além dos momentos agradáveis junto de nossos queridos
e amados, paisagens fotografias e bobagenzinhas de viagem vieram na bagagem. É aquele
tipo de passeio que deveríamos vez por outra fazer em família. Muito legal!
Agora uma imagem me impressionou muito: A seca no interior do estado gaúcho.
Iniciamos nosso passeio no norte do estado e no meio da semana seguimos em
direção a São Gabriel, a princesa das Coxilhas, cidade de cerca de 60.000
habitantes, bem cuidada e caprichosa, cidade polo cravada no coração do pampa
gaúcho. Meu espanto foi durante o caminho perceber riachos antes caudalosos e
protegidos por matas ciliares verdes e viçosas, totalmente secos e ladeados por
um mato amarelo acinzentado. Que triste! Continuando a descer a BR 289, mais a
frente outra cena triste aos meus olhos: Reflorestamentos de pinus secos, como
se tivessem sido queimados, porem apenas as arvores das áreas altas das
coxilhas estavam nesta situação, denunciando que a causa era realmente reflexo
da falta d'agua que se estende por mais de 6 (seis) meses. Gado magro, pastagem
seca e a poeira alta que se levantava no fundo da paisagem acusava que um carro
estava vindo em direção à rodovia pela estrada de chão. Este quadro me fez lembrar-se
de Israel e a sua cultura no uso da agua. Que diferença daquele país! A situação
pode parecer diferente, mas penso que as adversidades encontradas durante sua
historia, produziu nos Judeus uma cultura voltada fortemente para o senso
coletivo, e pasmem, com uma visão sustentada em um modelo mental de abundancia!
Sim, eles entendem que ha possibilidade de todos terem acesso a agua. Eis
porque digo que o modelo mental e diferente. E diferente dizer: "Tem para
todos, o que precisamos e de estratégias." Muito diferente de dizer:
"Não tem para todos, precisamos fazer algo." Muitas pessoas não se atêm
as questões como estas, mas não se trata apenas de jogos de palavras, tem
haver com a origem de uma determinada
filosofia de vida, e de como um determinado modelo mental esta organizado. Tentando
fundamentar este pensamento resgato a seguir texto de Dulce Magalhaes o qual
recorto do livro "O foco define a sorte", e esta filosofa
contemporanea e muito feliz ao escrever sobre escasses e abundancia, que
reproduzo com muita estima nos parágrafos a seguir:
"Muitos valores herdados e das crencas aprendidas
foram construidos a partir da perspectiva de outro tempo, mais restrito, de
escassez, de medo ou ate mesmo de intolerancia. Edificamos uma sociedade baseada
nessa escasses e aprendemos a desconfiar do sucesso e a nao acreditar na
condicao de uma felicidade perene. "O que e bom dura pouco" e algo
que repetimos como um mantra, uma oracao, sem ter a nocao de que tudo que se
repete o cerebro aprende e opera. E hora de transcender algumas informacoes ha
muito aprendidas. A vida e a melhor e melhor oportunidade e, enquanto estamos
vivos, o bom esta em acao. Foco e tudo aquilo para o qual voltamos o nosso
olhar. "O que vem facil vai facil" e outra afirmacao em que
acreditamos sem questionar. Operamos a vida em um estado permanente de esforço para
justificar essa frase. Mesmo em relação àquilo que fazemos com prazer que e
facil fazer, costumamos dar uma "reclamadinha" para ninguem achar que
e fácil. Esse estado de escasses, a crença de que não há para todos, gera três
atitudes pessoais da seguinte ordem:
1 - Se é escasso
então primeiro vou cuidar de mim, primeiro vou resolver meus problemas, depois
se tiver tempo e condições vou ajudar os outros, atitude estaque gera EGOÍSMO;
2 – Se é escasso,
então alguém vai ganhar, e alguém vai perder, gerando uma atitude de COMPETIÇÃO;
3 – Se é escasso
então um dia vai faltar, por isso preciso guardar reservas, e isto gera a
terceira atitude que é o ACÚMULO, e na sequencia o consumismo,
que gera ainda maior escassez;
Agindo com base no EGOÍSMO, na COMPETIÇÃO e no ACÚMULO, criamos uma sociedade desigual, injusta e
excludente, que leva a uma realidade violenta e insegura.
Porém se saímos da escassez e acreditarmos na abundância,
na idéia de que há para todos, podemos mudar a realidade vigente. O paradigma
da abundância opera da seguinte forma:
1 – Se há para
todos, então não preciso me preocupar comigo mesmo e posso contribuir com
todos, e esta atitude gera o ALTRUÍSMO, em que o centro da
experiência passa pela solidariedade.
2 – Se há para
todos, não haverá perdedores e vencedores portanto não precisamos competir.
Todos podem ganhar e esta atitude gera COOPERAÇÃO;
3 – Se há para
todos não é preciso acumular e não há por que ter mais do que se necessita.
Esta atitude gera a PARTILHA, em que as potencialidades e
dificuldades individuais são absorvidas pela comunidade, criando uma condição
maior de igualdade de oportunidades.
Lembro me do
contraste que foi, ao chegar de Israel e ver na TV noticias sobre a seca no
nordeste. Digo isto porque tive a oportunidade de ver que se existe uma árvore
frutífera em Israel, isso se deve a um sistema de irrigação fantástico, de
tecnologia avançada. Além disto, a comunidade judaica sabe que precisa ser consciente
no uso da água, pois vive em um deserto, mas pasmem: Este país produz desde frutas
típicas do oriente e do mediterrâneo até frutas tropicais como bananas, como você pode conferir na foto ao lado, registrada por este bloggeiro com sua nada profissional máquina digital.
Acredite: Em todo lugar que há um arbusto
verde, há um sistema de irrigação artificial. Incrível.
Bem, diante disto,
e do texto de Dulce Magalhães, olho para nosso país e fico imaginando e me
questionando se a questao realmente é a condição geográfica de nosso desértico
nordeste, ou a falta de vontade politica, talvez ainda o interesse pela
manutencao da pobreza, ou pior ainda, por incompetencia técnica, que não temos
aquela região irrigada e livre da miséria da terra. Por que não aprovam a
transposição do São Francisco? Creio que se estivessemos num país com a cultura
semelhante a dos judeus a transposição seria feita do rio Amazonas, e por via
subterrânea para a água não evaporar no caminho!
Pretendo encerrar este artigo provocando você leitor, a pensar, o quanto nossa cultura individualista têm "secado" nossa mente e desta forma, impedido todos nós de viver dias melhores em nossa sociedade. Pense nisto, pois como diria Victor Hugo: "Não há nada como o sonho para criar o futuro. Utopia hoje, carne e osso amanhã." Para mim ainda vale a pena sonhar e acreditar, e para você?
Força e coragem amigos!
Por André Topanotti - Criciúma/SC - 27 de Setembro de 2012.
Força e coragem amigos!
Por André Topanotti - Criciúma/SC - 27 de Setembro de 2012.
FERNANDO BITENCOURT POR FACEBOOK:
ResponderExcluirtexto bárbaro e verdadeiro. Desde criança vemos na TV a escassez de água, consequentemente secas no sertão nordestino, inserindo em nossas mentes a questão da "infelicidade" de localização geográfica. Realemente, hoje percebemos que na realidade, há falta de incentivo por parte do governo, em implanta sistemas de irrigação, como em Israel. Não é a sétima maior economia do mundo?
Obrigado por participar Fernando!
ExcluirEsse texto me remete a Euclides de Cunha, que vivenciou e mostrou para a a sociedade em "Os Sertões" o que é realmente viver a escassez e abandonados a própria sorte , realidade esta do sertanejo.
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