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O objetivo deste blog é discutir idéias, expor pontos de vista. Perguntar mais do que responder, expressar mais do que reprimir, juntar mais do que espalhar. Se não conseguir contribuir, pelo menos provocar.

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

MASSAS ME DÃO AZIA


Quando se trata de falar o que efetivamente se pensa, não é fácil para algumas pessoas exporem seu ponto de vista quando este é contrário ao da maioria. Também é comum conhecermos os que não pensam nada, e que por vezes deixam que os outros, que nesse caso são também minoria, mas têm o carisma e a persuasão do discurso, os conduza da forma que estes bem desejam. Para contradizer precisa ter conteúdo, precisa construir um pensamento, e isso exige que o interlocutor não seja preguiçoso. Repetir palavras de ordem quando se está em um grande grupo é fácil, é legal, é estar na moda, e numa cultura onde o que os outros pensam e como o mundo me parece é predominante, percebo que às vezes fica-se falando sozinho.

Dia destes fui prova viva desta máxima. Tive a oportunidade de ouvir duas palestras onde os participantes eram o mesmo público: A maioria acadêmicos de uma universidade, e uma minoria líderes e gestores das empresas da região. A primeira, uma palestra onde o condutor soube usar de todas as formas e técnicas para prender a atenção de seu público, desde piadinhas maliciosas, trejeitos de um artista de stand up e até coreografias com o público para que no fim todos o aplaudissem de pé. E deu certo! Auditório lotado até o fim. Conteúdo? Não me perguntem, nem me recordo direito, mas de suas brincadeiras lembro-me de quase todas.

A segunda palestra, noutro dia foi de um professor, técnico no assunto, um cientista e pesquisador do tema. Sumidade. Falou por quase duas horas de seus estudos sobre o comportamento humano, sem birutices, sem piadas de duplo sentido, sem picadeiro, mas com um consistente conteúdo de pesquisa. O que aconteceu? O auditório foi se esvaziando durante a palestra. No momento que se seguiu as questões, algumas perguntas interessantes, mas a cada uma que se fazia mais e mais pessoas se levantavam e iam embora. Percebi que o lugar estava longe de ser um ambiente acadêmico onde o debate e discussão instigam os ávidos pelo conhecimento. Estes, os ávidos, uma pífia minoria.

Quando me deparo com situações como esta, tento ver o lado branco da força e lembro que as maiorias, a tal “massa”, produziram grandes feitos na história como os movimentos sindicais do início do século 20 que deixaram um legado de direitos que regularam, por exemplo, nossas relações trabalhistas. A redemocratização do país na década de 80 também é fruto dos movimentos populares. Porém volto a lembrar de que a maioria quis Cristo crucificado em Jerusalém, chamou Galileu de herege em Roma. A maioria Alemã venerou Hitler em sua época, e dentre estes, outros tantos creem firmemente que o holocausto não existiu. Por fim observo que é esta mesma maioria que reclama da corrupção, mas reelegem ‘fichas sujas’.

Vou parar por aqui e me consolar com a minoria mesmo, até porque não há de se conseguir elevar o nível do debate no padrão de educação a que nos acostumamos, mas é exatamente por situações assim que massas me dão azia.
 
Por André Topanotti - 16/09/2013 - Criciúma/SC

3 comentários:

  1. Gostei muito do seu texto e compartilho das suas ideias. Infelizmente a grande massa está vazia de conteúdo, e assim, fica muito mais fácil conduzí-la de acordo com o interesse exclusivo de quem detém o poder financeiro. A massa é usada como meio para atingir o objetivo de tais poderosos através da sua exploração cega e alienação de todo o tipo. Muito triste. Abs.

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    1. Exatamente o sentimento que tenho Ana.
      Obrigado por contribuir, forte abraço!

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