Quando
se trata de falar o que efetivamente se pensa, não é fácil para algumas pessoas exporem seu ponto de vista quando este é contrário ao da maioria. Também é comum
conhecermos os que não pensam nada, e que por vezes deixam que os outros, que
nesse caso são também minoria, mas têm o carisma e a persuasão do discurso, os
conduza da forma que estes bem desejam. Para contradizer precisa ter conteúdo,
precisa construir um pensamento, e isso exige que o interlocutor não seja
preguiçoso. Repetir palavras de ordem quando se está em um grande grupo é
fácil, é legal, é estar na moda, e numa cultura onde o que os outros pensam e
como o mundo me parece é predominante, percebo que às vezes fica-se falando
sozinho.
Dia destes fui prova viva desta máxima. Tive a oportunidade de ouvir duas
palestras onde os participantes eram o mesmo público: A maioria acadêmicos de
uma universidade, e uma minoria líderes e gestores das empresas da região.
A primeira, uma palestra onde o condutor soube usar de todas as formas e técnicas
para prender a atenção de seu público, desde piadinhas maliciosas, trejeitos de
um artista de stand up e até coreografias com o público para que no fim todos o
aplaudissem de pé. E deu certo! Auditório lotado até o fim. Conteúdo? Não me
perguntem, nem me recordo direito, mas de suas brincadeiras lembro-me de quase todas.
A segunda
palestra, noutro dia foi de um professor, técnico no assunto, um cientista e
pesquisador do tema. Sumidade. Falou por quase duas horas de seus estudos
sobre o comportamento humano, sem birutices, sem piadas de duplo sentido, sem
picadeiro, mas com um consistente conteúdo de pesquisa. O que aconteceu? O
auditório foi se esvaziando durante a palestra. No momento que se seguiu as
questões, algumas perguntas interessantes, mas a cada uma que se fazia mais e
mais pessoas se levantavam e iam embora. Percebi que o lugar estava longe de
ser um ambiente acadêmico onde o debate e discussão instigam os ávidos pelo
conhecimento. Estes, os ávidos, uma pífia minoria.
Quando
me deparo com situações como esta, tento ver o lado branco da força e lembro
que as maiorias, a tal “massa”, produziram grandes feitos na história como os
movimentos sindicais do início do século 20 que deixaram um legado de direitos
que regularam, por exemplo, nossas relações trabalhistas. A redemocratização do
país na década de 80 também é fruto dos movimentos populares. Porém volto a lembrar
de que a maioria quis Cristo crucificado em Jerusalém, chamou Galileu de herege
em Roma. A maioria Alemã venerou Hitler em sua época, e dentre estes, outros tantos
creem firmemente que o holocausto não existiu. Por fim observo que é esta mesma
maioria que reclama da corrupção, mas reelegem ‘fichas sujas’.
Vou
parar por aqui e me consolar com a minoria mesmo, até porque não há de se conseguir
elevar o nível do debate no padrão de educação a que nos acostumamos, mas é exatamente
por situações assim que massas me dão azia.
Por André Topanotti - 16/09/2013 - Criciúma/SC
Gostei muito do seu texto e compartilho das suas ideias. Infelizmente a grande massa está vazia de conteúdo, e assim, fica muito mais fácil conduzí-la de acordo com o interesse exclusivo de quem detém o poder financeiro. A massa é usada como meio para atingir o objetivo de tais poderosos através da sua exploração cega e alienação de todo o tipo. Muito triste. Abs.
ResponderExcluirExatamente o sentimento que tenho Ana.
ExcluirObrigado por contribuir, forte abraço!
Verdade.
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