Olá...
Meu colega de pos-graduação em filosofia clínica, Aloysio Tiskoski, postou na última sexta (20/04) em seu blog, um texto muito interessante sobre as recentes e relevantes mudanças de comportamento em nossa sociedade. Reflete muito bem a sutil transição da Geração "Baby-Boomers" para a Geração "X" e o forte contraste destas duas primeiras com a Geração "Y", principalmente evidenciada após a chegada da última no mercado de trabalho. Aos meus dedicados alunos de administração de recursos humanos da Unesc, INDISPENSÁVEL a leitura. Quem sabe o texto pode cair na próxima avaliação.
Um forte abraço!
André Topanotti
Aloysio Tiskoski: Para quem já viveu algumas décadas, os eventos da
infância dizem respeito a um passado distante, que as novas gerações
desconhecem, ou pouco conhecem, principalmente se aconteceu fora das grandes
cidades. Vida cotidiana sem energia elétrica, televisão, bicicleta, motocicleta,
automóvel, telefone, internet, celular e sem computador. Vida simples em casa de
madeira sem trancas, onde atos de violência e insegurança eram uma exceção. As
roupas que usávamos, apesar de escassas e que passavam de irmão para irmão, eram
separadas em três categorias; roupa para o trabalho, para a missa e o uniforme
para a escola. Um par de sapatos de borracha e usado apenas para ir a missa. As
roupas do trabalho quando desgastavam eram remendadas com tecido, geralmente de
outra cor, mais parecia um mosaico. Homem com calças remendadas na altura do
joelho e coxas era considerado trabalhador. Homem com calças remendadas na
altura da bunda era considerado preguiçoso, visto que a mesma sofria desgaste
por sentar com frequência. Fumar cigarro de palha e usar um facão com bainha na
cinta, sinal que o menino virou homem. Ferramentas de trabalhos eram a enxada,
machado, foice, facão, canivete e foice de mão. O trator da época era uma boa
junta de bois. Nosso pai era mestre em domar bois novos. Lembro de uma junta que
marcou época em nossa fazenda de 18 hectares, chamados, Salino&Sereno. Nós
que estamos entre 40 e 60 anos somos a última geração que obedeceu regiamente
nossos pais e também a primeira a obedecer nossos filhos. As mudanças foram
bruscas. O que impressiona é a capacidade de nos adaptarmos rapidamente. Senão
vejamos; o computador e o celular, talvez os que mais impuseram mudanças, hoje
fazem parte da vida de cada um como se sempre estivessem disponível. Nos
permitem falar com pessoas de todo o planeta vendo seus rostos, acessar todo e
qualquer informação gratuita e instantaneamente. Caminham para fundir-se com a
televisão.
Outras mudanças menos evidentes, porém não menos importantes estão
ocorrendo, como a valorização da futilidade. Em outras épocas admirávamos
pessoas cultas, a boa música, o canto coral, o professor sabia e sabia
transmitir conhecimento, o padre era visto com respeito e era conselheiro
familiar e da comunidade. Pais e avós eram conselheiros de toda hora. Nos dias
atuais a música sacra e o canto coral foi substituído pelo bate-estaca e
congêneres. Surgem e desaparecem como relâmpagos. Quem não ouve a música ou
cantores da moda, como o Michel Teló, “esta por fora”. Os livros mais vendidos,
tem importância econômica pelo volume vendido, porém de valor literário
duvidoso. Encontrar bons livros esta cada vez mais difícil. Cantores decadentes
em suas terras de origem, lotam estádios no Brasil. Ou gostamos do que a maioria
gosta, ou logo somos taxados de querermos ser superiores aos demais, como se
crime fosse não estar alinhado com a maioria. Um amigo professor me informou que
a literatura mundial foi substituída nas escolas por autores nacionais. Nada
contra autores nacionais mas como ficamos sem ler clássicos como Platão,
Aristóteles, Tomás de Aquino, Agostinho, Cervantes, Nietzsche, dentre muitos
outros? Existe vida inteligente fora da leitura, principalmente leitura de boa
qualidade? Nossas vidas sofrem transformação por vários motivos, mas a leitura
transforma e liberta de forma definitiva. Impossível conhecer o mundo sem
leitura, mesmo para um viajante contumaz. Com o advento da internet a leitura
ficou extremamente facilitada e o acesso aos grandes clássicos da literatura
mundial estão a poucos clics. Será que é isto que a juventude anda fazendo, ou
estão apenas acessando filmes, músicas e navegando nas redes sociais, onde no
entanto as futilidades tem expressão maior. A comunicação predomina através da
imagem. O grande avanço, ao que parece ocorreu apenas na tecnologia e esta pode
libertar ou aprisionar, depende como cada um lida com isto, lembrando que isto é
assim para mim.
Por Aloysio Tiscoski - Sexta-feira, 20 de abril de 2012
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