Por Aloysio Tiscoski e André Topanotti
Foi comum ouvir perguntas sobre a segurança em Israel durante a preparação para esta viagem de estudos na Universidade Hebraica de Jerusalém. Algumas brincadeiras do tipo “... pós-graduação em que?! Olha, acho que é pra ser homem bomba!” Na hora eu sorri, brinquei, mas no meu silencio, algo me incomodava. Já era talvez o presságio de que iríamos encontrar algo totalmente diferente. E foi exatamente isto que pude constatar: Uma nação e um povo fantástico. Nas linhas abaixo meu colega de estudo Aloysio Tiscoski relatou ao chegar no Brasil sua impressão, que a tomo emprestada e me atrevo a comentar, pois compartilho também da sua percepção. Anexei ao texto algumas fotos para ilustrar e tentar demonstrar a riqueza deste país, que para mim, vale a pena conhecer.
Aloysio: Instalados no Marina Hotel as margens do mar mediterrâneo em Tel Aviv. Estivemos em um grupo de 35 brasileiros com o objetivo de estudar o grande filósofo Emmanuel Levinás, lituano de nascimento, herdeiro da cultura judaica, cresceu em um ambiente em que língua e literatura eram o russo e hebraico, idiomas falados e estudados em sua casa. Foi prisioneiro de guerra nos campos de concentração nazistas. Conhecido como o filósofo da alteridade, tem como sua obra principal o livro Totalidade e Infinito escrito em 1961. Levinás, muito influenciado inicialmente pelas idéias de Husserl e de Heideger é um dos principais pensadores da corrente fenomenológica. Seu pensamento ganhou força própria e se dirigiu principalmente para o terreno da ética sendo esta considerada por ele a filosofia primeira. Para ele o homem é alguém cujo sentido só pode ser encontrado na sua relação com o outro. Sua reflexão segue o caminho da defesa da subjetividade baseada na ideia do infinito, entendido como abertura ao reconhecimento do outro. Israel, localizado no Oriente Médio, ao longo da costa do mar Mediterrâneo, fazendo fronteira com Líbano, Síria, Jordânia e Egito, surpreende positivamente por ser a única democracia da região. Transformou deserto em ambiente habitável, nesta época do ano o verde predomina.
A preservação ambiental é levada ao extremo, a produção agrícola, apesar do deserto, tem grande importância, produzindo mais de 90% do consumo interno e como curiosidade pode-se observar bananais verdes ao norte. Israel exporta tecnologia em vários setores o que sugere que a educação, que é obrigatória dos 5 aos 18 anos, realmente é levada a sério. A infraestrutura do país é impecável, aeroporto moderno, ferrovias, autoestradas ligando as cidades de norte a sul de leste a oeste. É o que costumamos chamar de um país de primeiro mundo. A renda é de U$ 28 mil per capita. A rede de assistência social tem ampla cobertura. A indústria de Israel concentra-se nos produtos manufaturados de alto valor agregado baseados principalmente em inovações tecnológicas. Isso inclui equipamentos eletrônicos para a área médica, agrotecnologia, telecomunicacões, hardware e software, energia solar, processamento de alimentos e química fina. Dois são os idiomas oficiais, árabe e hebraico.Cerca de 75% da população são judeus, 20% árabes. Jerusalém com seus 800 mil habitantes é a capital política e religiosa do país. Uma cidade próspera e vibrante, sagrada para judeus, muçulmanos e cristãos. A segurança é um dos pontos fortes em todo o território do país. Visitamos o monte das Bem Aventuranças, lugar do Sermão da Montanha, Rio Jordão, navegamos pelo mar da Galiléia, Mosteiro Carmelita de Stella Maris, bem como os jardins persas do Templo Bahai. Estivemos na aldeia medieval Jaffa, famosa porque, conforme a Bíblia, o profeta Jonas saiu em direção a Társis e foi engolido pela baleia.
Em Jerusalém estivemos na parte antiga da cidade, Muro das Lamentações, Monte da Oliveiras, percorremos a Via Dolorosa com suas 14 estações e a Igreja do Santo Sepulcro. Diariamente nos deslocávamos de ônibus de Tel Aviv à Jerusalém até a Universidade Hebraica, uma das mais importantes do mundo, que nos acolheu e possibilitou realizarmos os estudos com mestres como, Cyril Aslanov, Shalon Rosenberg, Leonardo Senkman, Shmuel Scolnikov, Rina Rosenberg e Lucio Packter. Voltamos no último sábado, dia 31 de março com a sensação do dever cumprido, tendo encontrado um país muito diferente do que a mídia diariamente mostra. Israel é talvez o maior laboratório mundial onde se busca a convivência pacífica entre povos, religiões, crenças, com o diferente. A depender dos seus principais filósofos, existe esperança.
Esta foi a nossa impressão.
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