Olá...
Nesta manhã compartilho com vocês a percepção e reflexão que fiz deste artigo do Beto Colombo. Ao ler e captar as principais idéias do texto, relacionei facilmente com nosso cotidiano e tive a nítida sensação que estamos ficando surdos. Sim, um silencio barulhento que não nos transmite informação nenhuma e que impede de nos comunicarmos com nós mesmos. Talvez por conta disto o grande e crescente número de depressivos e estressados em nossa nova e moderna sociedade. Daí extraio um grande desafio: Se o indivíduo não consegue sequer escutar a si próprio, e conhecer-se, como então conseguirá escutar o outro? É desafiante, mas vale a pena tentar, e também continuar lendo o artigo do Beto.
Forte abraço!
André Topanotti
André Topanotti
Querido leitor, aceite o meu fraternal abraço. Nos últimos anos, tenho procurado valorizar a simplicidade da vida, até de forma lúdica e ingênua, se é que dá pra falar assim. E o silenciar é um caminho tão intenso quanto profundo. Na verdade, para mim, o silêncio mostra muito. Ainda na infância lembro de dias silenciosos sem televisão, sem rádio, passávamos boa parte do tempo ouvindo e discernindo o cantar dos pássaros, se arrepiando com os sons uivantes do vento. Na tenra idade, marcou-me muito os poucos momentos em que esse silêncio era quebrado e um deles era quando o leiteiro de charrete tocava sua buzina avisando que estava passando e era a deixa para trocar a vasilha.
Há poucos anos, precisamente em 2006, quando fiz o Caminho de Santiago pela primeira vez, tenho saudade dos dias inteiros em que fiz companhia para mim, em silêncio, ouvindo somente meus passos quando a bota arrastava no chão, ou até o toque o cajado dando o tom da caminhada, anunciando o ritmo da jornada rumo à casa do Santo. Hoje sei que não caminhava a Compostela, a jornada era pra dentro de mim. Esta mesma energia do acesso interno só conseguida por mim via silêncio, acessei recentemente neste verão.
Era fim de semana, estava só na casa da lagoa. Acordei cedo, como de hábito. Olhei para aquele mar de água doce e me veio uma vontade gostosa de entrar na água de caiaque. Não deu outra, não eram seis horas quando remava naquelas águas mansas e cheias de incógnitas. O frescor da manhã tocava minha pele, respirava ar úmido, estava só naquela imensidão da Lagoa dos Esteves. Estava eu e eu. Remava sem direção, mas remava. Talvez como lá em Santiago, também remava para dentro de mim. Não via e nem ouvia ninguém, só o som dos remos entrando e saindo da água que era minha aliada abrindo caminho para dentro de mim. Os remos entravam na água, provavelmente a mesma que circula em minhas veias, numa sincrônica batida que lembrava as batidas do meu coração. Foram momentos de solitude, instantes de inteireza. Eu era o tudo, era o nada. Era eu.
Mas como vivemos neste plano tridimensional, dual, logo o outro lado me vem e passo a vivenciar os sons, os ruídos e barulhos na maioria das vezes ensurdecedor dos carros, jet ski, televisão, músicas bate estaca, “bem-vindo a outra realidade”, pensava em silêncio.
Fazendo um comparativo com aquela criança que fui lá na encosta do morro, hoje lembro que os “barulhos” quebravam a rotina do silêncio. Trazendo para hoje, é o silêncio que quebra a rotina do barulho. Mas para ouvir o silêncio é necessário muito esforço. Mas que vale a pena. Na verdade, para mim, o silêncio fala alto.
É assim como o mundo me parece hoje. E você, o que pensa sobre silêncio?
É assim como o mundo me parece hoje. E você, o que pensa sobre silêncio?
Por Beto Colombo - Artigo veiculado na Rádio Som Maior FM no dia 19/04/2012 e no Jornal A Tribuna no dia 20/04/2012.
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