O texto que seleciono e compartilho com vocês é de autoria de meu colega e amigo de caminhada na filosofia clínica, Profº Rosemiro Selfstron. Trata de algumas das bases de um determinado relacionamento entre as pessoas, e a maneira como cada um encara e dá significado a estas relações: Através da emoção e também da razão. Pode isto? Se você tem dúvidas, vale a pena ler este artigo.
Faça uma ótima semana!
André Topanotti, 19/08/2012, Criciúma/SC
Por Rosemiro Selfstron:
Cada pessoa ao se conectar a uma outra, ou, como se diz em Filosofia Clinica, ao construir uma interseção com a outra, põe uma série de conteúdos em comum. Algumas pessoas colocam mais conteúdos nessa interseção, outras muito menos, de modo que se constrói um espaço que forma a relação. A essa construção compartilhada chamamos de relação, conexão, amor e outras milhares de palavras que apontam a interseção entre duas pessoas. Mas, há um problema, como saber se a pessoa com quem estou conectado é a pessoa certa? Como saber se numa relação em que dedico o meu amor a outra pessoa está interessada em continuar comigo?
Um relacionamento pode se iniciar por vários motivos, basta ver nos filmes: alguns começam porque a moça ou moço é bonito, rico, inteligente, esperto, engraçado, mas isso pode ser apenas um termo de passagem de um encontro em um relacionamento. Depois de um primeiro contato, o casal começa a construção da interseção, de modo que cada um põe os conteúdos em comum e partilha os conteúdos do outro. É ilusão achar que os relacionamentos começam ou duram e até mesmo acabam por causa de amor. Para muitas pessoas o amor é apenas uma sombra, sem cor, sem forma, elas sabem que até pode existir, mas não estão interessadas. Cada relacionamento tem suas peculiaridades, tanto a literatura quanto a vida são ricos em exemplos. Tenho certeza que não sou o único que conhece um casal que vive de aparências, isso segundo os vizinhos. Se a aparência faz o casal estar junto, vivem bem assim, o que há de errado? Ou será que a maior parte dos homens e mulheres quando vão para a balada estão em busca só de uma mente brilhante? Mas, existem muitos casos nos quais é realmente o amor que faz a relação acontecer. A menina ou o menino realmente ama seu par, faz juras e espera que essa sensação boa dure tanto quanto possível. Quando isso não acontece, às vezes a decepção é muito grande, porque a pessoa depositou todo o seu amor em uma pessoa que não era a certa. Mas como saber? O coração simplesmente diz, aponta para a pessoa e nada se pode fazer contra ele, mas ele, assim como razão, também erra. Mas vamos fazer ainda pior, digamos que uma moça tenha plena certeza de que aquele menino não é para ela, mas ainda assim se apaixona. O coração traiu.
Para a pessoa que vive o dilema, não parece tão simples quanto as palavras que escrevo, porque para ela a razão aponta um caminho e o coração outro. Quando a razão tem mais força, facilmente o problema é resolvido, mas algumas vezes o coração tem mais força. São aqueles casos em que, contra todas as possibilidades, a menina ou menino se apaixona pela pessoa errada. Uma situação ainda mais dura acontece quando tanto a emoção quanto a razão tem força, nestes casos a dúvida é o que fica evidente. O caso mais interessante acontece quando as emoções não conversam com a razão, parece estranho, mas acontece. É o caso de uma pessoa que não tem a menor ideia do porque, mas tem uma vontade louca de estar com a outra. Nesse caso a razão e a emoção não se conversam. Para não ser traída ou traído pelo coração observe em sua história as vezes em que seu coração indicou o caminho e se esse caminho foi bom. Assim como o coração, nossa razão também pode errar. Não há como dizer quem é melhor, razão ou emoção, mas cada um deve pesquisar em sua história de vida quando usou um ou outro para decidir. Quando perceber o uso da razão, preste atenção nos resultados da decisão, quando for o caso da emoção, a mesma coisa. Você pode ser enganado pela emoção, mas também pode tentar conhecê-la e, quem sabe, tornar-se um pouco mais independente.
Artigo publicado em 16/08/2012 no site do Instituto Sul Catarinense de Filosofia Clínica por Rosemiro Selfstron
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