O que você faria se não tivesse medo? Vi esta pergunta dias atrás pichada na parede de um edifício. Eu acho que até respondi rápido, mas não é pergunta simples de responder não. Andei um pouco mais e pensei na possibilidade de conjugar a pergunta no plural: O que nós como equipes poderíamos fazer se não tivéssemos tantos 'medos'? Logo me veio à memória o time do meu 'coração' (de aço). Havia um tempo em que jogar na casa do adversário era um filme que se repetia a cada partida. Bastava passar o trevo de entrada do município e parecia que todos se acovardavam atrás da dificuldade de 'jogar fora de casa'. Voltarei ao exemplo do time, mas gostaria de parar e refletir sobre algumas questões que penso ser oportunas: Você já vivenciou situações onde a sensação 'do medo' parece o acorrentar nas experiências ruins do passado ou aos preconceitos colocados em nossa razão de forma tão irracional? Você sabe onde o 'seu' medo se esconde? Atrás do receio de perder seus bens, de passar por uma crise financeira? Ou ainda na 'reputação' e no sobrenome da família? Por fim aquele fatídico dilema: O que os outros irão pensar e falar de mim? Aprofundo continuando no exemplo futebolístico.
O time do 'coração de aço' tinha uma partida
muito difícil para realizar contra um adversário regional muito competitivo, um
jogo classificado como clássico. A torcida do adversário ocupou parte do espaço
reservado para os visitantes. O restante do estádio estava totalmente lotado. Primeiro
tempo: Jogo difícil, nervoso, truncado. Muitas faltas, nenhum dos times querendo se expor. Vem o segundo tempo e a torcida fica
impaciente. O técnico parece não ter conseguido alterar o padrão tático do time
na conversa do vestiário, e o adversário é visivelmente melhor em campo. Em
nossa torcida já é perceptível os resmungos, as reclamações e aquele
descontentamento similar, típico de quando o medo de algo pior está às portas. É quando
o técnico faz duas substituições. Mais múrmuros e contra opiniões. Perto de
mim, dois indignados evocam um coro depreciando a inteligência do técnico. É quando para contribuir com o cenário, ouve-se ecoar o grito da torcida adversária a empurrar o time
azul. Silêncio no lado mais numeroso das arquibancadas. Como, penso eu, pouco mais de duas centenas de vozes conseguem silenciar quase 20.000 pessoas? Eu não acredito que eram os 200 torcedores adversários que operaram este silêncio no estádio, e sim o medo: a ausência da fé naqueles que eram a esmagadora maioria. Foi quando alguns "iluminados pela certeza" resolveram parar de reclamar e começam a gritar o "vamos vamos timeeee!!". O Grito ganha volume, enche o estádio, chega aos montes da cidade de onde eu recebo pelo celular uma mensagem: "Consigo ouvir o barulho da torcida de vocês daqui..." O desconforto causado pela
torcida do adversário parece ter acendido a ira propulsora daquela torcida, que
visivelmente empurrou o time para o ataque e num contra golpe certeiro transforma o medo e a angústia em um forte urro de conquista. Gooooollll!! Eis mais uma vez a adversidade ensinando os homens em sua frágil e limitada humanidade.
Volto ao medo e pergunto para finaliza: Quais são as adversidades que hoje nos acovarda e faz-nos temer o 'amanhã', o provável adversário em questão? Seriam elas como aquele pequeno grupo de torcedores tentando calar os milhares de milhares? Não teria este adversário o mesmo trunfo de um time que conta mais com a fragilidade do seu oponente do que propriamente com grandes méritos para vitória. Se conseguirmos ter as respostas para estas perguntas hoje, provavelmente poderiam ser as mesmas respostas que nos justificariam num futuro indesejado, a tão temida derrota. Quando não pior: O tédio irritante e paralisador da mornidão. Tal medo pode ser nosso maior adversário, na medida em que o receio da derrota seja maior que a fé e a convicção na vitoria.
Pense nisto, e siga firme seu caminho de conquistas!
Por André Topanotti - Criciúma/SC - 16/10/2012.
Muito obrigado pela contribuição bem fundamentada profº Paulo de Tarso. Apesar de minha escrita despentrensiosa e mais livre dos conceitos, o sentido entendo ser este mesmo, afinal quando cito: "Eis mais uma vez a adversidade ensinando os homens em sua frágil e limitada humanidade." é sobre exatamente esta dose de "medo" necessária para muitas vezes nos mover em direção às mudanças. Forte abraço!
ResponderExcluirAndré, penso que o medo em nossas vidas só deveria ter uma finalidade: impedir que sejamos imprudentes ao ponto de violar nossa integridade física. No mais, devemos ter a coragem de encarar nossos temores e não nos deixar abater pela influência negativa que isto pode causar em nossas vidas. Estamos vivendo uma constante experiência, e isto significa experimentar todas as formas possíveis e imagináveis de obtermos a nossa felicidade, enfrentando nossos maiores medos e quebrando paradigmas para podermos evoluirmos como seres humanos racionais que somos.
ResponderExcluirOlá Sandro!
ExcluirMuito obrigado por sua contribuição. Ver o medo como uma fonte para a coragem e melhoria do ser, é uma boa perspectiva. Sigamos assim, para o alto e avante!
Forte abraço!