Alguém já
perguntou pra você quais são suas qualidades e defeitos? Apesar de não
gostar muito desta categorização frenética que fazemos de bem e mal, bom e
ruim, certo e errado, agora por causa também da tal matriz SWOT, os pontos fortes e fracos, qualidades e
defeitos, reconheço que é muito comum profissionais de RH realizarem
entrevistas de seleção e fazerem este tipo de pergunta. A resposta que geralmente ouvimos: É muito difícil falar de si mesmo - dizem os encurralados. Realmente a nossa cultura latina é pouco afeita à auto avaliação e talvez a resposta seja esta porque não
temos o habito de nos auto-criticar. Porém para mim existe algo mais nesta resposta, por
isto vamos combinar: A questão mais delicada para alguns é falar dos "seus"
defeitos. Para a maioria das pessoas, geralmente é mais fácil ver os defeitos e
erros dos outros do que os nossos, porque nossas 'qualidades' via de regra são
muitas. E mais: A qualidade 'do outro' para alguns, trata-se nada mais do que a obrigação
'dele' oferecê-la a quem ele convive. O que você acha? É incômodo mas, para alguns funciona assim.
Voltando a entrevista de seleção,
quando ouvimos sobre os defeitos, alguns profissionais usam da extrapolação das
qualidades para arranjar um defeito 'simpático'. Por exemplo, o perfeccionismo. É muito
mais bonito dizer que "sou" perfeccionista que irritante, porque
muitas destas pessoas que buscam a perfeição também são vistos como indivíduos chatos e
irritantes. Nada contra, apenas um ponto de vista.
Se questionarmos porque as pessoas agem assim me ocorre outra provocação:
O que as empresas fazem com as pessoas 'sinceras'? Qual o nosso olhar sobre
aqueles que costumam falar o que pensam? Geralmente são vistas como pessoas que
criam desentendimentos, ingênuas demais, como já ouvi de alguns
líderes. Certas pessoas podem ainda perceber os sinceros como indivíduos
'perigosos', pois como tem compromisso apenas com sua opinião e não temem expressá-la,
podem eventualmente colocar algumas lideranças em 'saias justas'.
Posto isto, seria interessante a pergunta: Qual o conceito que efetivamente temos
de qualidades? Na filosofia clínica procura-se identificar como o individuo
flui diante de cada situação, de como se sente e qual o resultado prático
destas características no relacionamento com seus pares, seja no âmbito
pessoal ou profissional. Ele (o indivíduo) sente-se bem assim, sente-se
autêntico desta forma? Porque julgar como "certa" ou "falha" suas
características? Ou seria "falha" da liderança não ter a
capacidade de lidar com o contraditório e visualizar possibilidades de
potencializar tais características em outras frentes de trabalho na
organização?
Por hora e para mim, vale a pena pensar a respeito. Se nos for permitido, continuaremos aprofundando o tema em outros artigos.
Paz e Virtude!
Por André Topanotti - Criciúma/SC - 31/10/2012.
Muito bom o artigo André! Vale a pena ser aprofundado o tema!
ResponderExcluirObrigado por sempre contribuir Xande!
ExcluirLidar com o contraditório passa a ser um desafio quando não se consideram os diferentes aspectos da formação das personalidades de líderes e liderados.
ResponderExcluirA compreensão da miscelânea de temperamentos, a consciência dos diversos conceitos e noções básicas de convivência coletiva, e outros pontos pertinentes ao bom relacionamento devem fazer parte da visão de todo àquele que se propõe a distinguir os defeitos e qualidades de seus pares.A sinceridade é uma qualidade, porém o despreparo dos que não sabem como reagir diante dela traz significativos prejuízos ao desempenho profissional do sincero, tratado erroneamente como um ingênuo, como disse apropriadamente o autor, ou como um questionador desagradável e incômodo.
Cabe bem aqui a frase de Sartre que diz: “Diante do olhar do outrem, não sou mais mestre da situação, ou, se o sou, essa situação tem uma dimensão que me escapa”