Desculpem-me os religiosos de plantão, mas depois
que eu recebi esta imagem ao lado no Facebook ontem, e parei alguns minutos
para ler o que estava sendo comentado a respeito do tema, não pude ficar
indiferente ao assunto. Confessava a meus colegas da pós em filosofia clinica
há alguns dias atrás: Se existe um tema que me provoca, que aguça a minha
curiosidade e interesse é a espiritualidade do homem em busca de seu Significador
maior. Já a religiosidade da sociedade dita moderna desperta o lado ácido da
minha crítica, incomoda o descanso das minhas úlceras, provoca o meu senso
intolerante e põe uma farpa embaixo da minha unha. Sim, tudo isso! Muitos
comentários que li no blog são em minha opinião ofensivos e desrespeitosos e
fora de proposito alimentar este tipo de atitude. Mas a minha inquietação é
sobre como a maioria de nós olha (ou não) para o outro, e como olhamos para o
que projetamos como 'Deus'. Olhando para esta imagem, que para mim é muito
'ofensiva' não pela foto, mas por aquilo que alguém produziu de mensagem
adicional nos textos abaixo da foto. A imagem em si, para mim, já teria uma
forte e rica mensagem. Mas, como em algumas vezes na história, pessoas acrescentam
a sua forma de ver e perceber as coisas, e pior, querem que os demais concordem
com a sua mensagem. Quantas vezes matamos o “outro” de que Emmanuel Levinas escreve,
tentando impor a nossa interpretação ao outro para que ele a acate como
verdadeira. Por exemplo, o que significa este “aceitar Deus” para quem colocou
a mensagem no Facebook? Sigo um pouco mais: Quem postou esta imagem na internet
pensou o que significa “aceitar Deus” para o outro que iria ver a mensagem?
Outro questionamento mais pretencioso me atrevo a
fazer: Tentando me projetar naquilo que Deus estaria esperando do homem, será
que ele desejaria ser aceito e amado por coerção, por obrigação? Remeto-me a
imagem novamente e penso: Me aceite ou veja o prego cravando a mão na cruz, e a
culpa será sua se não repassar a mensagem?!? Cuidado, se você não repassar poderá
ir para o inferno? É assim que Deus trataria com o homem? Ou será esta
interpretação um eco da intolerância humana disfarçada de vontade de Deus? Lembro
que no passado, em nome da dita vontade de Deus foi praticada as maiores
atrocidades da história da humanidade, se diante destes fatos podemos ainda nos
considerar. Será que estas mensagens que poluem e congestionam as redes de
relacionamento na internet não é uma nova forma de praticar as antigas indulgências,
agora em formato high tech? Na idade média para ficar tranquilo quanto ao
destino de sua alma, o homem comprava o perdão de Deus e tinha a garantia de
seu “lote” no céu mediante pagamento desde dinheiro até ao trabalho à igreja.
Será que algumas pessoas não se sentem “em dia” com Deus, mostrando a toda sua rede
de amigos que é uma pessoa religiosa, espiritual, afinal repassando, está dizendo
que aceita a Deus. Mas o que é aceitar Deus?
Para mim, aceitar Deus é antes de qualquer coisa
respeitar o outro, a imagem e semelhança do Eterno que se expressa na
individualidade e singularidade de cada pessoa. A mensagem de Jesus é clara
neste sentido, quando o apóstolo Paulo questiona: “como posso dizer que amo a
Deus que não vejo se não amo respeito, tolero, aceito, aquela pessoa que está
ao meu lado e que consigo ver?” Na minha opinião, toda busca a Deus deve
reverter-se em humildade e serviço ao outro que está ao nosso lado. Para mim, vale
a pena pensar nisto.
Por: André Topanotti - Criciúma/SC - 11/05/2012
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