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O objetivo deste blog é discutir idéias, expor pontos de vista. Perguntar mais do que responder, expressar mais do que reprimir, juntar mais do que espalhar. Se não conseguir contribuir, pelo menos provocar.

sexta-feira, 11 de maio de 2012

Indulgência High Tech

Olá...

Desculpem-me os religiosos de plantão, mas depois que eu recebi esta imagem ao lado no Facebook ontem, e parei alguns minutos para ler o que estava sendo comentado a respeito do tema, não pude ficar indiferente ao assunto. Confessava a meus colegas da pós em filosofia clinica há alguns dias atrás: Se existe um tema que me provoca, que aguça a minha curiosidade e interesse é a espiritualidade do homem em busca de seu Significador maior. Já a religiosidade da sociedade dita moderna desperta o lado ácido da minha crítica, incomoda o descanso das minhas úlceras, provoca o meu senso intolerante e põe uma farpa embaixo da minha unha. Sim, tudo isso! Muitos comentários que li no blog são em minha opinião ofensivos e desrespeitosos e fora de proposito alimentar este tipo de atitude. Mas a minha inquietação é sobre como a maioria de nós olha (ou não) para o outro, e como olhamos para o que projetamos como 'Deus'. Olhando para esta imagem, que para mim é muito 'ofensiva' não pela foto, mas por aquilo que alguém produziu de mensagem adicional nos textos abaixo da foto. A imagem em si, para mim, já teria uma forte e rica mensagem. Mas, como em algumas vezes na história, pessoas acrescentam a sua forma de ver e perceber as coisas, e pior, querem que os demais concordem com a sua mensagem. Quantas vezes matamos o “outro” de que Emmanuel Levinas escreve, tentando impor a nossa interpretação ao outro para que ele a acate como verdadeira. Por exemplo, o que significa este “aceitar Deus” para quem colocou a mensagem no Facebook? Sigo um pouco mais: Quem postou esta imagem na internet pensou o que significa “aceitar Deus” para o outro que iria ver a mensagem?


Outro questionamento mais pretencioso me atrevo a fazer: Tentando me projetar naquilo que Deus estaria esperando do homem, será que ele desejaria ser aceito e amado por coerção, por obrigação? Remeto-me a imagem novamente e penso: Me aceite ou veja o prego cravando a mão na cruz, e a culpa será sua se não repassar a mensagem?!? Cuidado, se você não repassar poderá ir para o inferno? É assim que Deus trataria com o homem? Ou será esta interpretação um eco da intolerância humana disfarçada de vontade de Deus? Lembro que no passado, em nome da dita vontade de Deus foi praticada as maiores atrocidades da história da humanidade, se diante destes fatos podemos ainda nos considerar. Será que estas mensagens que poluem e congestionam as redes de relacionamento na internet não é uma nova forma de praticar as antigas indulgências, agora em formato high tech? Na idade média para ficar tranquilo quanto ao destino de sua alma, o homem comprava o perdão de Deus e tinha a garantia de seu “lote” no céu mediante pagamento desde dinheiro até ao trabalho à igreja. Será que algumas pessoas não se sentem “em dia” com Deus, mostrando a toda sua rede de amigos que é uma pessoa religiosa, espiritual, afinal repassando, está dizendo que aceita a Deus. Mas o que é aceitar Deus?

Para mim, aceitar Deus é antes de qualquer coisa respeitar o outro, a imagem e semelhança do Eterno que se expressa na individualidade e singularidade de cada pessoa. A mensagem de Jesus é clara neste sentido, quando o apóstolo Paulo questiona: “como posso dizer que amo a Deus que não vejo se não amo respeito, tolero, aceito, aquela pessoa que está ao meu lado e que consigo ver?” Na minha opinião, toda busca a Deus deve reverter-se em humildade e serviço ao outro que está ao nosso lado. Para mim, vale a pena pensar nisto.


Por: André Topanotti - Criciúma/SC - 11/05/2012





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