A enquete que promovi em meu blog tinha inicialmente o
propósito de incentivar colegas, amigos e leitores deste blog a pensarem a
respeito da realização de dois grandiosos eventos que acontecerão aqui no
Brasil: A Copa de 2014 e as Olimpíadas de 2016 no Rio. Como está escrito no
objetivo do blog: 'Se eu não conseguir contribuir, pelo menos provocar'. Sei
que não resolveremos os problemas de nossas mazelas sociais com enquetes ou
textos de efeito. Contudo este pensar mais qualificado quem sabe possa produzir
uma centelha de indignação que nos tire da letargia crônica que acomete nossa
capacidade crítica, e quem sabe mobilize pelo menos uma dúzia de boas almas em
direção a alguma mudança da nossa pobre e medíocre cultura no
trato do que é público nesta nação.
Pelo
resultado que observei a grande maioria dos leitores que acessaram o blog e que
responderam a enquete, acreditam que não estaremos preparados para o evento
(28%), além de que nestas obras haverá desvios de verbas publicas (56%). Penso
então se realmente estávamos preparados culturalmente para estes eventos.
Creio, e possivelmente não devo ser o único a fazer esta pergunta: Quem então
decidiu sobre as candidaturas do Brasil para estas competições? Quais foram os
critérios para escolha e conclusão sobre a estrutura e condições para a
realização? Ou será que os fins irão justificar todos os meios? O problema que
percebo é que provavelmente teremos no mínimo dois fins distintos: Os fins das
empreiteiras e personagens políticos que realizarão as obras da copa e serão
honrados pelos feitos desenvolvidos. E os fins de quem contribuiu e continuará contribuindo
para pagar a conta que ficará depois que todas as visitas forem embora. Na
verdade pensando um pouco mais sobre a decisão da realização destes jogos, me
parece que estamos diante de uma situação onde algo foi decidido por nós. Muito
eu ouço de palestrantes e 'motivadores' de equipes que precisamos ter atitude,
assumir as rédeas de nossa vida e escrever a própria historia. Mas quantos de
nós realmente escreve a própria história?
Essa
análise me remete a pensar e conectar o exemplo à questão de decidir a
própria história: Quantos pessoas por vezes entram em uma dívida porque vê o
vizinho trocar de carro, ou o outro parente que comprou um novo apartamento, e por
este motivo esquece as prioridades estabelecidas, mudam planos familiares bem elaborados por conta da
pressão da sociedade consumista? Será que foi realmente a pessoa que
decidiu por si, ou foi o vizinho, o parente de carro novo que o levou a decidir? Voltando ao tema da enquete: Será que nossos representantes políticos não foram acometidos
deste mesmo estereótipo de um país em dito desenvolvimento, que agora pode, a exemplo dos países ricos, realizar os jogos da copa e olimpíadas? Neste caso em especifico fomos presenteados com dois eventos que empiricamente percebo, não foi amplamente discutido e decidido com a sociedade organizada. Não foram poucos os comentários que recebi no blog e facebook dizendo que estes eventos não eram prioridades para o país.
Se direcionássemos os bilhões de dólares que foram e serão investidos em estádios, e se
tivéssemos toda esta mobilização da imprensa, governos e orgaos não
governamentais, além da expectativa e "energia" da sociedade canalisada para uma melhoria efetiva da
nossa educação, por exemplo, creio firmemente que depois de 2014, teríamos um outro quadro
social em nosso pais. A meu ver, nossa nação parece com a caricatura
daquele personagem cotidiano que enriqueceu rápida e financeiramente, mas não
evoluiu meio palmo no aspecto moral, resta-nos torcer para que nossos atletas
não pensem apenas em seus "contratos" e interesses pessoais e congratulem o povo com o circo
que lhe foi prometido, porque com a mesa farta de pão, poucos reclamarão. Para mim, vale a pena pensar nisto... e esperar.
Forte abraço e muito obrigado por participar da enquete.
Por: André Topanotti - 20/05/2012 - Criciúma/SC
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