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O objetivo deste blog é discutir idéias, expor pontos de vista. Perguntar mais do que responder, expressar mais do que reprimir, juntar mais do que espalhar. Se não conseguir contribuir, pelo menos provocar.

quarta-feira, 31 de julho de 2013

BASF FREIA CRESCIMENTO DE TINTAS

A Basf - líder em tintas imobiliárias no Brasil com a marca Suvinil - pretende frear o crescimento das vendas do segmento no segundo semestre com o objetivo de evitar queda de rentabilidade. A empresa tem 65% de suas matérias-primas indexadas em dólar, o que faz com que, num cenário de câmbio desfavorável, expansão signifique aumento de custos e pressão sobre as margens. "Ganhar participação de mercado agora não é sinônimo de ganhar dinheiro", disse ao Valor o vice-presidente sênior da empresa para a América do Sul, Antonio Carlos Lacerda. No primeiro semestre, as vendas de tintas imobiliárias da Basf cresceram entre 3% e 4% em volume, patamar esperado, no início do ano, para o acumulado de 2013. Atualmente, conforme Lacerda, a intenção é vender o mesmo volume do ano passado. A expectativa é que o faturamento aumente, mas impulsionado pela alta de preços ocorrida em 2012. Até junho, o faturamento cresceu entre 7% e 8%.

De acordo com o executivo, no primeiro semestre a Basf conseguiu manter as margens do segmento de tintas imobiliárias por ter tomado medidas como a redução de custos, com corte de 8% do quadro de pessoal. Para se proteger da alta do dólar, a empresa aumentou, ao longo dos últimos quatro meses, seu estoque de matérias-primas em 60 dias.

O início da atuação da Suvinil, tinta tradicional do segmento premium, na linha standard, ou seja, intermediária, de tintas imobiliárias no fim do ano passado também contribuiu para que a rentabilidade não caísse. No segmento econômico, a empresa atua com a marca Glasurit. As medidas que já vêm sendo tomadas vão assegurar as margens até o terceiro trimestre, conforme o executivo. O que será feito para evitar queda de rentabilidade no quarto trimestre dependerá do comportamento do dólar, que, na avaliação de Lacerda, continuará a se valorizar.

Outro fator que pode pressionar as margens, no quarto trimestre, é o dissídio, que ocorrerá em novembro. Conforme Lacerda, "Agora, não dá mais para haver ganho real", diz. Em relação à demanda por tintas, Lacerda conta que o mercado está muito "volátil", sem que as revendas - principais clientes da empresa no segmento - tenham previsibilidade em relação à comercialização. "O consumidor final está muito cauteloso. Há semanas ótimas e semanas horríveis para as revendas", diz o executivo. Cerca de 80% das vendas de tintas imobiliárias da Basf são destinadas a reformas.

"Tenho 30 anos de vida profissional, sendo 15 anos como executivo. Talvez, este seja o ano mais difícil. A previsibilidade é nula", afirma. Lacerda diz esperar que as turbulências no cenário econômico atual ainda perdurem pelo prazo de 12 a 18 meses.

No primeiro semestre, o mercado brasileiro de tintas imobiliárias encolheu 3% em volume ante o mesmo período do ano passado, de acordo com Lacerda, que também é presidente do conselho da Associação Brasileira dos Fabricantes de Tintas (Abrafati). As vendas do segmento premium caíram 15%, as do econômico tiveram queda de 18%, enquanto as do standard aumentaram entre 35% e 40%. Segundo ele, as incertezas da economia resultaram em mudança de parte das compras do segmento premium para o intermediário. "As pessoas continuam se preocupando com rentabilidade, mas têm mais tolerância", afirma.

A Basf tem 29% de participação do mercado de tintas imobiliárias em volume e 40% em valor, de acordo com o executivo.


terça-feira, 30 de julho de 2013

NINGUÉM É INDISPENSÁVEL

Transcrição do comentário de Max Gehringer para CBN: Uma ouvinte escreve: "Trabalho em uma empresa de pequeno porte já faz oito anos. Meu chefe vive repetindo que sou indispensável e acredito que ele tenha razão, porque sou responsável por diversas tarefas que em empresas maiores seriam repartidas entre vários funcionários. Logo, creio eu, não será fácil meu chefe encontrar alguém que faça tudo o que eu faço.

Acontece que, embora eu aprecie ser elogiada, cheguei à conclusão de que não há espaço para meu crescimento aqui nesta empresa. Por isso, fiz alguns contatos e consegui uma proposta de uma empresa maior e mais organizada, com um salário igual ao que eu ganho, porém com mais benefícios. Minha dúvida é: como devo comunicar a meu chefe que vou sair? E que prazo devo dar para que ele encontre uma substituta para mim?"

Bom, vamos começar pelo prazo. Isso vai depender mais da empresa que lhe fez a proposta. Se ela puder esperar 60 dias, ótimo: esse é um tempo mais do que razoável para você treinar quem for substituí-la. Porém, se a nova empresa quiser que você inicie o mais rápido possível, o prazo será o que a lei concede: 30 dias de aviso prévio.

O que você poderia fazer para amenizar a situação é já indicar uma substituta. Alguém que você conheça e confie que irá dar conta do serviço, senão imediatamente, pelo menos depois de dois ou três meses. Essa também seria a melhor resposta para a sua primeira pergunta. Ao comunicar a sua demissão a seu chefe, você já garante a sua reposição.

E quanto ao fato de ser indispensável, não se preocupe. Ninguém é.
 

Max Gehringer, para CBN - 29/07/2013.

segunda-feira, 29 de julho de 2013

A VOLTA DOS QUE NÃO FORAM

"Querida, olha, vou te falar uma coisa: eu e o Lula somos indissociáveis. Então esse tipo de coisa, entre nós, não gruda, não cola. Agora, falar volta Lula e tal... Eu acho que o Lula não vai voltar porque ele não foi. Ele não saiu. Ele disse outro dia: 'Vou morrer fazendo política. Podem fazer o que quiser. Vou estar velhinho e fazendo política'."

Dilma Rousseff, presidente da República, desqualificando o "Volta Lula", em que petistas pedem a volta de Lula não à política, de onde ele, realmente, nunca saiu, mas à presidência da República. (A foto é de Marlene Bergamo/Folhapress)

domingo, 28 de julho de 2013

PAPA FALA BEM E NÃO CHATEIA NINGUÉM

Os padres letrados José de Anchieta e Manoel da Nóbrega eram jesuítas e aprenderam o Tupi-guarani para falar com os índios. O Papa Francisco, que também é jesuíta, aprendeu Português para falar com os brasileiros.Entre tantas lições, o Papa mostrou que não é preciso baixar o nível para se aproximar do povo. Basta escolher as palavras adequadas ao contexto. Por exemplo, preferiu o popular botar, em vez de pôr, colocar. Em seu primeiro discurso, disse: “Cristo bota fé nos jovens, e os jovens botam fé em Cristo”.

Na quinta-feira, falando a mais de um milhão de pessoas na praia de Copacabana, recomendou: “Bote fé, bote esperança, bote amor”. O Sumo Pontífice, que é poliglota, vem usando muitas gírias em suas falas, entrevistas e homilias na Jornada Mundial da Juventude.
 
Seu bom humor também já era esperado. No mês passado, comentando as semelhanças entre o Português e o Espanhol, disse de brincadeira: “o Português é um Espanhol mal falado”.
 
Suas falas no Brasil foram marcadas por expressões populares. Quando visitava a Favela da Varginha, em Manguinhos, nos arredores do Rio, disse: “Vocês sempre dão um jeito de compartilhar a comida. Como diz o ditado, sempre se pode ‘colocar mais água no feijão’”. E perguntou ao povo: “Se pode colocar mais água no feijão?”. Aplaudido, completou: “Sempre! E vocês fazem isto com amor, mostrando que a verdadeira riqueza não está nas coisas, mas no coração”.
 
Disse também: “Queria bater em cada porta, dizer bom dia, beber um copo de água fresca, beber um cafezinho. Mas não um copo de cachaça!”. O Papa escolheu por metáfora “um copo de cachaça”, a bebida mais popular do Brasil.
 
Todavia não foi apenas pelas palavras e expressões que ele cativou o povo brasileiro. Sem conteúdo, as gírias e expressões seriam apenas enfeites de suas falas, que entretanto comoveram a muitos pela sinceridade do olhar, como quando disse: “Aprendi que para ter acesso ao povo brasileiro é preciso ingressar pelo portal do seu imenso coração; por isso, permitam-me que nesta hora eu possa bater delicadamente a esta porta. Peço licença para entrar e transcorrer esta semana com vocês”.
 
Outro momento em que mexeu muito com as pessoas foi quando declarou: “Não tenho ouro, nem prata, mas trago o que de mais precioso me foi dado: Jesus Cristo!”
 
No mesmo instante, aqueles que aguardavam a visita do Papa apenas para fazer negócios, como Eike Batista, cuja fortuna passou de 46 bilhões para “apenas” 300 milhões em poucos dias, deixaram o recinto, segundo o tradicional humor dos cariocas, que também inventaram súbitos milagres do Papa: não foi assaltado na Linha Vermelha, mesmo com a janela do carro aberta; fez o povo aplaudir um argentino; mesmo engarrafado no Rio, ninguém tentou vender-lhe nada; andou de saia em Copacabana à noite e não levou nenhuma cantada.
 
Esse Papa é uma boa pessoa. E o convívio com uma boa pessoa sempre nos faz bem!
 
 
Por: Dionísio da Silva - 28/07/2013

terça-feira, 23 de julho de 2013

"TRAIRAGEM" ORGANIZACIONAL

Transcrição do comentário de Max Gehringer para a rádio CBN do dia 23/07/2013: Um ouvinte conta uma história lancinante. "Meu gerente era um amigo meu de longa data", ele escreve. "Nós nos conhecíamos muito antes de entrarmos na empresa. Um dia, o meu diretor me chamou para conversar e me comunicou que meu amigo gerente seria demitido e que eu seria promovido para o lugar dele. O diretor me pediu sigilo absoluto e eu acatei a ordem. Uma semana depois, meu amigo foi demitido e eu fui anunciado como seu substituto.

E aí aconteceu o que eu temia: meu amigo me acusou de ser traíra, por não ter contado a ele o que eu sabia. E ainda me disse que eu deveria ter recusado a promoção, em nome da nossa amizade. Eu creio que fiz o que era correto fazer dentro das circunstâncias, mas gostaria de saber a sua opinião."


Bom, não existe uma resposta definitiva para um caso desses, porque cada um pode ter a sua própria opinião sobre a zona cinzenta em que o profissionalismo e a amizade se misturam e se confundem.

Mas posso lhe dizer o que eu faria. Sem dúvida, eu teria contado a meu amigo. Haveria um risco: o de ele ir falar com o diretor antes da demissão e me prejudicar. Mas eu esperaria que ele fosse tão meu amigo ao ficar calado, quanto eu fui amigo dele ao contar. Quanto à segunda parte, de recusar a promoção, eu não recusaria. Pelo simples motivo de que isso não iria impedir a demissão do meu amigo.

Porém, entendo que nenhuma decisão seria inteiramente satisfatória, tanto que o nosso ouvinte se comportou de modo extremamente profissional, embora não tenha sido extremamente amigo. Aí cabe a cada um pesar, com cuidado, o quanto preza um amigo e o quanto vale um passo importante na carreira.


Max Gehringer, para CBN - 23/07/2013.

INVASÃO DE PRIVACIDADE

Quando Obama disse que ninguém pode viver com segurança e privacidade com 0% de inconveniência, pensei: Obama virou gente grande. Mas não foi assim que o mundo reagiu. Quase todo mundo ficou horrorizado, e eu, fiquei horrorizado com mais um show de infantilidade do mundo em que vivemos. É um mundo "teenager" mesmo. E por que o Brasil seria vigiado? Talvez porque suspeita-se que o Brasil esteja na rota entre o dinheiro do crime internacional e terroristas. E a América Latina está à beira de uma virada socialista, só não sabe quem não quer ver. Corrupção, autoritarismo, gestão inepta da economia e populismo sempre foram paixões secretas do socialismo.
 
A CPI do "Obamagate" é um truque nacionalista (tipo Guerra das Malvinas) para desviar a atenção da nossa crise econômica, apesar de muitos brincarem de revolução enquanto a economia vai para o saco nas mãos de um governo que aumentou os gastos públicos com embaixadas em repúblicas das bananas, criação de ministérios inúteis e "investimento" na inadimplência como forma de ganhar votos. A diferença entre um "teenager" (ainda que com PhD, PostDoc e livre-docência) e alguém que sofre para ser um pouco menos "teenager" é saber que o mundo não é preto e branco e que se você é responsável por muitas coisas, você nem sempre vive com luvas de pelica. O mundo é uma terra abandonada pelos deuses, e temos que nos virar com o pouco que temos, a começar por uma espécie confusa como a nossa e que ainda acredita em borboletas azuis como salvação da vida.

Não é bonito o que o Obama fez. Mas todo mundo que tem as responsabilidades que o Obama tem faz coisas assim quando ocupa o lugar do Obama. Por muito menos, vigiamos a geladeira para ver quantos iogurtes tem, os armários da cozinha para ver quantos sacos de açúcar tem, e as sacolas das empregadas para ver se elas não estão levando algum pacotinho de carne.
 
O mundo é um grande Big Brother, George Orwell acertou em cheio. A diferença é que nosso mundo não é uma ditadura pré-histórica como a do livro "1984", mas uma sociedade democrática que preserva direitos gays ao mesmo tempo que quer saber se eu e você estamos envolvidos num ataque a alguma embaixada no Mali ou que tipo de tênis e comida étnica curtimos. Nada disso é bonito, apenas é assim. Para manter as coisas funcionando, pessoas tem que fazer coisas que não são muito bonitinhas. Eu sei que os inteligentinhos facilmente entram em surto, mas que vão brincar no parque, com segurança, de preferência.

 
As redes sociais, esse grande bacanal de narcisismo, são um prato cheio para sermos vigiados. Sites nos dão nosso perfil de consumo e nossa "linha da vida". Celulares nos avisam quando algo acontece em nossa conta e em nosso cartão de crédito, e isso tudo é muito "prático", não? Este evento revela a óbvia violência à privacidade que as redes sociais significam. A ideia de que elas são uma ferramenta da democracia pode ser uma ideia também infantil. Além de elas serem um elemento de alto risco com relação a linchamentos e violência espontânea, elas nos tornam vulneráveis de modo direto na medida em que estar "na rede" significa estar dependente de uma "teia" (de aranha) tecnológica de controle bastante vulnerável a tutela das empresas que nos oferecem a própria ferramenta. Por isso o nome é TI, tecnologias da informação.
 
Há muito se sabe que é mais fácil subornar um blogueiro do que um jornal gigantesco (o blogueiro é mais barato...). Agora fica mais claro ainda que a manipulação via redes sociais é muito maior do que via mídia "clássica". Todo mundo sabe que não pode marcar encontros amorosos ilegítimos via e-mail ou mensagem de celular, como alguém fica escandalizado que a internet não seja segura? Parece papo de falsa virgem de 50 anos. Em breve esqueceremos isso e continuaremos a postar fotos, falar bobagens, marcar revoluções no final de tarde e propor utopias que requentam a falida autogestão. E viajar para fazer compras em Miami com segurança e usando Visa.
 
Snowden, e seus 15 minutos, é mais um falso herói para falsos adultos.
 
 
Por: LUIZ FELIPE PONDÉ - FOLHA DE SP - 22/07/2013
 

segunda-feira, 22 de julho de 2013

FALANDO COM O "INIMIGO"

Transcrição do comentário do Max Gehringer para a rádio CBN, do dia 19/07/2013:  "Aconteceu algo comigo que venho tentando entender, mas não consigo. Há quatro meses recebi uma proposta para trabalhar em uma empresa concorrente. Deixei claro para o meu gestor que ficaria, se a empresa pelo menos igualasse a proposta que recebi. E ele conseguiu o aumento para que eu ficasse. Dois meses depois, fui demitido.

Meu gestor me explicou que o fato de eu ter conversado com a concorrência não tinha pegado bem com a direção. E eu perguntei a ele por que a empresa simplesmente não me deixou ir embora quando eu tinha a proposta em mãos? Ele disse que infelizmente a decisão havia sido tomada em uma instância superior e que lamentava muito ter que me demitir. Então, eu pergunto: o que eu fiz de tão errado?"


Resposta: nada. Você colocou uma proposta concreta na mesa e informou que ficaria se ela fosse coberta. Não há nada de anti-ético nisso. Na verdade, essa talvez seja a maneira mais eficaz de conseguir um aumento: mostrar que há outra empresa disposta a pagar mais por seu trabalho.

Só que a direção da sua empresa se sentiu incomodada. Primeiro, porque você ousou ir conversar com um concorrente direto. E segundo, porque colocou a empresa contra a parede. Isso tanto pode ser traduzido como traição e pressão, quanto como uma negociação normal e objetiva. E a sua empresa preferiu a primeira opção, sendo que a dita instância superior precisou de dois meses para chegar a essa conclusão.

Se algum dia uma situação assim se repetir, eu sugiro que você faça tudo igual. Mas já sabendo que mesmo fazendo tudo certo, não existe a garantia absoluta de que algo não possa dar errado.

Max Gehringer, para CBN - 19/07/2013
Fonte:http://estou-sem.blogspot.com.br/2013/07/fui-demitido-apos-falar-que-recebi-uma.html
 

domingo, 21 de julho de 2013

UM MOSTRO SEM CABEÇA

Todos concordamos, não é? O brasileiro é um povo ordeiro e bom, representado por políticos desonestos e maus. Ontem mesmo vi um sujeito atirar uma bola de papel pela janela do carro, sujando a rua, e pensei: lá vai um maldito deputado! Aqueles seis bandidos que invadiram a casa de uma família boliviana, em São Paulo, e mataram um menino de cinco anos de idade porque ele chorou. Só podem ser deputados. Pela natureza do crime, talvez sejam senadores. Os sujeitos que andam queimando viaturas da polícia. Não duvido que sejam vereadores, sabe como são esses vereadores. As pessoas que se aproveitam das manifestações para quebrar, saquear e assaltar, essas pessoas, evidentemente, são presidentes de partidos. No Rio, vi uma senhora de joelhos na calçada em frente a sua loja. Implorava, de mãos postas, para que os manifestantes mascarados não roubassem seu estabelecimento. Eles riram dela e a roubaram. Também deviam ser presidentes de partido. Ou, quem sabe, alguns desses suplentes escorregadios.

Os furadores de fila, os sequestradores que atacam sob os semáforos, os golpistas que ligam para o seu celular, os inoculadores de vírus na internet, os adulteradores do leite das criancinhas, os homens que batem nas mulheres, as mães que deixam os filhos abandonados pelas ruas, os flanelinhas que riscam os carros, os leitores grosseiros, os jornalistas venais, todos os que, todos os dias, iludem, burlam e enganam, todos são, nós sabemos, malditos parlamentares.

Se não fossem esses políticos, que país maravilhoso seria o Brasil. Temos mesmo que implodir a democracia representativa e gritar, como ouvi a massa gritando nas manifestações: Sem partido! Sem partido!

A massa é um monstro sem cabeça, já dizia Charles Chaplin, adaptando Marx. Curiosamente, era disso que as massas se orgulhavam nas manifestações: de não haver cabeça; havia só corpo.

*Sem partido! Sem partido! — gritavam, e queriam dizer: vocês, que nós mesmos escolhemos para nos representar, não nos representam.

Por que não representariam? Porque, afinal, somos um povo ordeiro e bom representado por políticos desonestos e maus. Agora, se não for nada disso, se a democracia representativa funcionar, como funciona em todo o mundo, e o Congresso for apenas um espelho do que é o povo, meu Deus, não quero pensar nisso. Porque não vai adiantar quebrar o espelho.


David Coimbra - Zero Hora - 05-07-2013
Fonte: http://wp.clicrbs.com.br/davidcoimbra/2013/07/05/sem-partido-sem-partido/?topo=13,1,1,,,13
*Título adaptado pelo por este Bloggeiro

sexta-feira, 19 de julho de 2013

O FIM DA GERAÇÃO "MILKMONE"

Por Giselle Tiscoski: Passei em frente à sorveteria MilkMone na rua Joaquim Nabuco, como faço freqüentemente, em horário comercial, olhei para dentro do estabelecimento e estava vazio. Fiquei surpresa! Não tinha mais mesa, não tinha mais pessoas trabalhando, não tinha mais crianças com suas mães, não tinha mais adolescentes jogando conversa fora, não tinha mais SORVETE!!!!

Fiquei muito triste, vontade de chorar. Tenho certeza de que muitos jovens adultos da minha geração vão ficar melancólicos com a notícia do fechamento da MilkMone, a sorveteria mais antiga de Criciúma, se não for a primeira, uma das mais tradicionais. São cerca de 30 anos de história.
...

Quem nunca ouviu falar da MilkMone? “Onde você mora? Perto da MilkMone”; Você trabalha onde? Na rua da MilkMone”; ''Onde fica a rua Joaquim Nabuco? É a rua da MilkMone.”

Isso sem contar as idas à MilkMone. Desde que vim de Goiás para Criciúma, com apenas três anos de idade, eu freqüentava a sorveteria. De criança a fase adulta, eu nunca esquecerei o sorvete de amendoim, a Taça Colegial, a Taça Banana Split, os encontros entre amigas, a família reunida no final de semana. Era quase um prêmio, você ganhar um sorvete da MilkMone.

Não deu para fazer a despedida. Segundo comerciantes vizinhos, o espaço foi vendido e fechado de imediato. Não tem mais MilkMone no local. Dizem que vai abrir uma lanchonete de “fastfood”.

Pena, vai fazer falta...


Giselle Tiscoski - Por Fecebook - 19-07-2013

quinta-feira, 18 de julho de 2013

O PERIGO DAS REDES SOCIAIS NO PROCESSO DE SELEÇÃO

Transcrição do comentário do Max Gehringer para a rádio CBN, do dia 17/07/2013:  "Acredite se quiser", uma ouvinte escreve, "fui eliminada de um processo de seleção porque postei em meu Facebook que estava participando desse processo. Quem me disse isso, de modo confidencial, foi uma colega minha que trabalha na empresa. Você teria uma explicação para esse fato?"

Sim. Antes das redes sociais, as empresas ligavam para profissionais que haviam trabalhado com um candidato para conseguir informações sobre ele. Nessa conversa, além das óbvias perguntas sobre resultados práticos obtidos, o representante da empresa gastava um bom tempo tentando descobrir qual era o comportamento do candidato: se ele era muito crítico, se reclamava demais, se ajudava a quem precisava, coisas assim. O advento das redes sociais permitiu que as empresas pudessem buscar muitas dessas informações diretamente na fonte, através das palavras dos próprios candidatos.

Não sei exatamente o que a nossa ouvinte postou, mas há empresas que são refratárias a que seus funcionários usem as redes sociais para contar coisas que se passam dentro da empresa. Logo, a decisão é a de não contratar quem já faz algo assim.

Não estou dizendo que empresas estão certas ou erradas, ao agir dessa forma. Mas, da mesma maneira que a manifestação nas redes sociais é livre, também é verdade que cada empresa pode estabelecer seus próprios critérios para selecionar candidatos. E um deles é o de bisbilhotar as redes sociais nas quais um candidato pode revelar muitas coisas que não diria em uma entrevista.

Max Gehringer, para CBN - 17/07/2013.

terça-feira, 16 de julho de 2013

A CAMISA DO FELICIANO

Nesses tempos sombrios de crise, somos obrigados a falar muito e por isso sempre acabamos falando demais. Precisamos de mais clareza, mas, como dizem por aí, a democracia é o regime do barulho, e no barulho o mais fácil é gritar "palavras de ordem", muito mais fácil para temperamentos que gozam em assembleias. Não é o meu caso, (in)felizmente. No dia 29 de junho, aconteceu em São Paulo a Marcha para Jesus. Nela, o conhecido pastor e deputado Feliciano usava uma camisa na qual estava escrito "eu represento vocês". Claro, de primeira, entendemos que ele quer dizer que representa os evangélicos que ali estavam. Não tenho tanta certeza: tenho amigos e conhecidos que são evangélicos e estão muito longe do que Feliciano diz representar. Não podemos jogar todos os evangélicos no mesmo "saco".
 
Mas me interessa hoje outra coisa: ele diz ser representante dos conservadores no Brasil. O conceito é complexo e pouco afeito a espíritos que gostam de falar para multidões. Mas é urgente dizer que Feliciano não representa o pensamento conservador no Brasil. Vou dar um exemplo "clichê" em seguida. Antes, vamos esclarecer uma coisa. A tradição "liberal-conservative", como se diz comumente em inglês, se caracteriza por uma sólida literatura quase desconhecida entre nós: David Hume (sua moral), Adam Smith, Edmund Burke, Alexis de Tocqueville, Friedrich Hayek, T.S. Eliot, Michael Oakeshott, Isaiah Berlin, Russell Kirk, Theodore Dalrymple, John Gray, Gertrude Himmelfarb, Thomas Sowell, Phyllis Schafler, Roger Scruton, entre outros.
 
Não é à toa que matérias como a da "Ilustrada" do domingo 30 de junho falam que a Flip (poderia ter falado de qualquer outra atividade intelectual no país) é de esquerda: quase ninguém conhece a bibliografia "liberal-conservative" entre nós, porque a esquerda mantém uma poderosa reserva de mercado na vida intelectual pública no país, inclusive tornando um inferno a vida na universidade para jovens interessados neste tipo de bibliografia. Esta reserva de mercado intelectual e ideológica inviabiliza pesquisas e trabalhos mesmo em sala de aula. Isso faz dos jovens intelectuais interessados nessa tradição uns fantasmas invisíveis, verdadeiras almas penadas, sem corpo institucional para atuarem. Mesmos os centros financiados por bancos investem apenas na bibliografia de esquerda.
 
Como toda visão política, os conservadores são diferentes entre si e nem sempre convivem bem com seus pares, principalmente quando saímos do livro e vamos para política partidária. Imagine alguém de uma esquerda "islandesa" sendo obrigado a engolir Pol Pot em seu clube intelectual. O pensamento "liberal-conservative" se caracteriza por defender a sociedade de livre mercado, a propriedade privada, a liberdade de expressão e religiosa, pluralismo moral, a democracia representativa com "corpos médios" locais atuantes, uma educação meritocrática, emancipação feminina, tributação alta para grandes heranças, desoneração da classe trabalhadora, profissionais liberais e pequenos e médios empresários, Estado mínimo necessário (inclusive porque isso diminui a corrupção), saúde eficaz para a população.
 
E, não esqueçamos: opção liberal quanto à vida moral, cada um faz o que quiser na vida privada contanto que respeite a lei, e esta deve levar em conta esta liberdade privada. Simplesmente não existe opção partidária no Brasil para quem pensa dessa forma. Por exemplo, dizer que os conservadores queimam bandeiras do movimento negro é uma piada. Isso deve fazer Joaquim Nabuco tremer em seu túmulo, já que ele, conservador, foi um dos principais intelectuais e defensores da abolição da escravatura no Brasil. E aí voltamos à camisa do Feliciano. Ele não representa os conservadores no Brasil, a começar porque é alguém que mistura religião com política.
 
Deixe-me esclarecer uma coisa (vou usar um tema "clichê"): sou conservador e sou contra o projeto da cura gay e a favor do casamento gay.
 
E aí, esquerda: vamos conversar? Vamos parar de se xingar e sentar numa távola redonda e discutir o Brasil?
 
 
Por Luiz Felipe Pondé - 08/07/2013

segunda-feira, 15 de julho de 2013

EDUCAÇÃO: A ESPERA DE UM LÍDER

Depois de anos de longos e tenebrosos invernos, o país finalmente se rebelou contra tantas mentiras escancaradas, histórias esdrúxulas protagonizadas por gente que se diz do “povo”, mas que vive nos esfaqueando pelas costas! E quem são estas pessoas? Políticos inescrupulosos que se apoderam, indevidamente, do dinheiro público e, ainda, vivem a divulgar a imagem de figuras íntegras apostando num Brasil que cresce livre da inflação! Eles nos venderam a ideia de que pela primeira vez o país estaria sob o comando de um governo que olhava para a camada social mais carente. Hoje a verdade está vindo à tona e as máscaras estão caindo…
 
Cansamos de ficar de braços cruzados à espera de dias melhores para todos! Então saímos às ruas para protestar, para mostrar a cara de um povo decepcionado com a postura do governo atual. Enquanto o mundo lá fora nos perguntava o porquê das manifestações mais recentes, em todo o território nacional, contra os aumentos na tarifa dos transportes públicos, crescia entre nós a indignação pelo descaso com que as autoridades tratam de pastas tão essenciais, como a saúde, a educação e a segurança pública, em contrapartida aos investimentos altíssimos destinados para os preparativos de grandes eventos esportivos internacionais que serão sediados no Brasil.
 
Este disparate acabou servindo de mola propulsora para que o nosso descontentamento ganhasse as ruas de todo o país. Decidimos escancarar ao mundo nossas polêmicas internas. Tema este nunca levado tão à sério. Demos um basta nas safadezas cometidas por aqueles políticos governantes que deveriam nos representar e defender nossos direitos, mas que infelizmente apenas pensam em enriquecer às custas do povo. Claro que não devemos cometer injustiças; nem todos os políticos possuem um caráter duvidoso. Há quem  faça por merecer nossos aplausos. Pena que esses não representem a maioria…
 
Há também uma outra questão pertinente ao assunto do momento: será que temos governantes experientes e capacitados que entendam que não é só fazer política com palavras? Precisamos de muito mais… De pessoas que vistam a camisa do time “Brasil” e que estejam bem preparadas! Preparo significa algo muito amplo, que vai desde ter uma boa formação geral (familiar, escolar…) e educação (acadêmica) às experiências pessoais de cada um. A biografia de uma pessoa deve ser levada em conta por inteiro. Cada detalhe passa a ser tão importante quanto o todo. Afinal um líder deve conquistar o respeito de seu povo, e para o primeiro passo, nada melhor do que dar o exemplo a todos.

Um líder precisa ser carismático para falar com os seus eleitores e ter o espírito de liderança, mas antes de tudo, precisa saber o que está falando, ter coerência no seu discurso, ter propósitos claros e ser sempre transparente. Isso tudo, adicionado ao caráter e amor pelo país, faz de um líder uma pessoa excepcional. Será que temos líderes assim? Pessoas que se preocupem com o progresso de uma nação? Que coloquem os interesses do seu povo em primeiro lugar, antes mesmo dos seus interesses particulares.? Um político deste perfil parece ser um artigo raro no Brasil, tão raro que nos espantamos quando vez ou outra aparece algum. A regra virou exceção por aqui…

Precisamos rever os nossos conceitos se queremos melhorar o país que deixaremos para as futuras gerações.
 
 
Por Ana Cristina Teixeira - 29/06/2013

sexta-feira, 12 de julho de 2013

FAZER E RECEBER AVALIAÇÃO, EIS A QUESTÃO!

Transcrição do comentário do Max Gehringer para a rádio CBN, do dia 12/07/2013: "Sou gerente de uma multinacional. Semestralmente a empresa exige que eu faça uma avaliação escrita de cada um dos meus subordinados. A maioria dos itens é baseada em resultados numéricos, e portanto só preciso escrever se os objetivos foram ou não cumpridos. Meu problema está na última parte, que é uma avaliação pessoal que eu preciso fazer sobre o comportamento e a dedicação dos subordinados. Tenho encontrado muita dificuldade para redigir esse tópico. Ao reler o que escrevo, fico com a impressão de estar sendo superficial nos elogios e muito pesado nas críticas. Existe algum modelo para este tipo de avaliação?"

Bom, permita-me começar dizendo algo que você talvez não tenha considerado. Esse tópico final tem dupla finalidade. A primeira é a sua avaliação do subordinado. E a segunda é a avaliação que a sua empresa faz do seu estilo gerencial, embora isso não lhe tenha sido dito.

Qual é a importância disso? Um dia, quando você for considerado para uma promoção, você não irá querer ser rotulado nem como pusilânime, por elogiar demais a quem não merece, nem como insensível, por ser incapaz de enxergar as virtudes de quem merece. E esses são dois rótulos que podem vir a atrapalhar as suas futuras ambições profissionais.

Por isso, busque em sua redação um equilíbrio: ninguém é perfeito e ninguém é um caso perdido. Para cada subordinado, mencione um fato que mereceu um elogio e um que mereceu uma crítica. Em poucas palavras relate o que aconteceu e acrescente as atitudes que você tomou. No caso do elogio, escreva que você cumprimentou o subordinado. No caso da crítica, que você o orientou para evitar a repetição da falha.

É só isso. O mais importante é você estar ciente de que também está sendo avaliado. E talvez nem soubesse.


Max Gehringer, para CBN - 12/07/2013.

quinta-feira, 11 de julho de 2013

FIM DA MULTA DE 10% SOBRE FGTS PARA EMPRESAS

Os deputados federais aprovaram na quarta-feira (3), por 315 votos a favor e 95 contra, projeto de lei que extingue a cobrança da multa rescisória de 10% sobre o saldo do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) paga pelos empregadores nas demissões sem justa causa. O texto segue agora para a sanção ou veto da presidente Dilma Rousseff. A contribuição havia sido criada em 2001 para cobrir rombos nas contas do FGTS provocados pelos Planos Verão e Collor 1, em 1989 e 1990. De autoria do ex-senador Renato Casagrande (PSB-ES), atual governador do Espírito Santo, o projeto aprovado nesta quarta gerou divisão na base governista. O Palácio do Planalto defendeu que a base aliada votasse contra o texto, mas algumas bancadas desobedeceram a orientação.

Segundo estimativas da Confederaç& atilde;o Nacional da Indústria (CNI), durante os 11 anos em que a regra esteve em vigor, os empresários desembolsaram R$ 45,3 bilhões para reequilibrar as contas do FGTS.Em fevereiro do ano passado, o Conselho Curador do FGTS informou ao governo que a conta com os trabalhadores estava quitada, e o adicional de 10% poderia ser extinto. Mas o governo manteve a contribuição.
 
A última parcela das dívidas geradas com os planos econômicos foi paga em junho de 2012. A CNI calcula que, entre julho de 2012 e abril de 2013, os empresários tiveram de arcar com R$ 2,7 bilhões. Além da multa rescisória de 10%, o empregador que demite sem justa causa paga ao empregado indenização equivalente a 40% do saldo do FGTS.

 
Os argumentos

Durante a votação em plenário, parla mentares da oposição e até mesmo da base governista subiram à tribuna para reivindicar o fim do tributo. Para o líder do PSD, Eduardo Sciarra (PR), o dinheiro da multa estava servindo apenas para “engordar o superávit primário”.

"Não estamos mexendo no dinheiro do trabalhador, mas nos 10% que já cumpriram a sua função", afirmou.
Na tentativa de assegurar os recursos extras nas contas do Tesouro, o líder do governo, Arlindo Chinaglia (PT-SP), argumentou que o dinheiro da multa estava financiando o programa habitacional Minha Casa, Minha Vida. "Se a multa acabar, estaremos comprometendo parte de um programa social da mais alta relevância, que é o Minha Casa, Minha Vida", disse.

Nesta terça (2), a liderança do governo havia tentado apro var o caráter de urgência para um projeto que encaminhava a receita obtida com a multa do FGTS para um fundo que iria subsidiar o Minha Casa, Minha Vida. A proposta foi derrotada pela maioria dos deputados. O líder do PT, José Guimarães (CE), criticou a decisão de extinguir a multa. “É um projeto que bagunça e desestrutura as contas do FGTS. E nós vamos deixar de dar uma injeção importante no programa Minha Casa, Minha Vida”, afirmou.

Para o deputado Izalci (DF), um dos vice-líderes do PSDB, a permanência da contribuição era uma “apropriação indébita”. O tucano defendeu no plenário que o país necessita reduzir a carga tributária para retomar a competitividade. “Essa multa foi criada para um momento e para uma determinada cau sa. A presidente [Dilma] está cega e surda, e o que ela está falando é inconsistente. O Brasil está pedindo a redução da carga tributária”, discursou Izalci.


CNI comemora
 
Ao final da votação, o gerente-executivo de Assuntos Legislativos da CNI, Vladson Menezes, comemorou a aprovação do projeto. O gestor da entidade dos empresários disse que os congressistas cumpriram o acordo que havia sido feito na ocasião em que a contribuição foi criada. Menezes afirmou que a CNI irá trabalhar para evitar o veto presidencial.

“O Congresso mostrou que tem consciência da realidade brasileira e está cumprindo um acordo que foi feito lá atrás, quando esse acordo foi criado com o objetivo específico de saldar uma conta que já foi paga. Nada mais justo do que desonerar o setor produtivo neste momento em que o país precisa retomar o crescimento e a competitividade”, disse.

Fonte: G1

quarta-feira, 10 de julho de 2013

PEDIDO DE DEMISSÃO NEGADO: E AÍ?!?

Transcrição do comentário do Max Gehringer para a rádio CBN, do dia 10/07/2013, com o caso de um ouvinte cujo diretor não quis aceitar a sua carta de demissão.
Um ouvinte escreve: "Solicitei minha demissão da empresa na qual trabalho faz sete anos. Meu diretor ficou enfurecido, para dizer o mínimo. Ele me chamou de traidor e de mal agradecido. E me disse que não aceitava que eu me demitisse. Ele não me fez nenhuma contra-oferta, apenas se recusou a receber a carta de demissão que tentei entregar e me mandou voltar para o meu local de trabalho. O que faço, posto que já me comprometi com outra empresa?"

Bem, se pudermos usar uma comparação com o ramo imobiliário, eu diria que o seu diretor não sabe qual é a diferença entre locação e propriedade. Legalmente, ao assinar um contrato de trabalho, o empregado concorda em alugar o seu tempo e o seu conhecimento para a empresa, mediante um pagamento.

Essa relação bilateral tem peso igual e por isso pode ser terminada a qualquer momento por uma das duas partes, independentemente da opinião da outra parte. É exatamente isso o que a empresa faz quando decide demitir um empregado. Ela não pergunta se o empregado quer ser demitido.

O seu diretor, entretanto, agiu como se a sua carreira fosse propriedade dele ou da empresa. Na visão dele, você precisaria pedir permissão para se demitir. E somente formalizar essa demissão se fosse autorizado.

O que você deve fazer é entregar a sua carta de demissão ao setor de recursos humanos. Se houver nova recusa em recebê-la, o que eu não acredito que aconteça, você deve registrá-la em cartório e enviá-la por correio, como carta registrada, ficando com uma cópia para a sua garantia e para apresentar à nova empresa.

Ao completar os 30 dias de aviso prévio, a contar da data da carta, você estará devidamente desalugado para começar no novo emprego.


Max Gehringer, para CBN - 10/07/2013.

INTERSEÇÃO

Por Rosemiro Sefstron: Em Filosofia Clínica a palavra Interseção designa o contato entre duas pessoas, assim como na matemática Intersecção ou Interseção refere-se aos elementos compartilhados por dois conjuntos. O contato matemático é definido por aquilo que os conjuntos compartilham entre si. Em Filosofia Clínica, esse conceito tem ainda outro desdobramento: a definição da qualidade desse contato. Em outras palavras, para um filósofo clínico, ao observar o contato entre duas pessoas ele presta atenção no que é partilhado no contato e ainda na qualidade desse contato. Sendo assim, uma Interseção pode ser positiva, negativa, confusa ou indeterminada.

O programa Super Nanny que passa na TV aberta mostra a interseção entre os pais e os filhos. A relação exposta no início do programa geralmente mostra filhos dos quais os pais não “dão mais conta”. Crianças extremamente desobedientes, boa parte das mesmas agressivas com os pais e os irmãos, geralmente usando de agressão para conseguirem o que desejam. Quando suas vontades são supridas, as crianças se acalmam até que venham a ter uma nova necessidade que deverá ser satisfeita pelos pais. Em outras palavras, a interseção com os pais é positiva para a criança enquanto ela consegue o que quer, caso contrário a interseção fica extremamente negativa.

Referente a um outro artigo chamado de “Arapuca”, onde eu falava dos pais que se tornaram reféns das necessidades dos seus filhos, recebi um comentário no qual uma pessoa disse mais ou menos assim: “Os filhos não vêm com manuais de instrução, não sabemos como eles vão receber o que damos”. O parágrafo acima praticamente responde esta questão: os filhos aprendem inclusive a receber com seus pais. Então, quando um pai entrega algo a um filho, e o dá como sendo algo sem valor como espera ele que o filho aprenda a valorizar? Pode até ser que aprenda na escola, com um vizinho, mas com certeza não aprenderá em casa. O programa Super Nanny é claro ao mostrar que desde muito cedo a criança deve aprender que ela tem direitos, mas também muito deveres e o que ganha é mérito seu.

A interseção pode ser de grande ajuda na hora da educação, uma criança que tem interseção positiva com a mãe, com o pai talvez seja mais facilmente ensinada. Diferente daquela criança que vive uma interseção confusa em que hora recebe agrados, pouco depois xingões, sem nem mesmo saber o que houve. É necessário que o pai ou a mãe sente-se junto e mostre o motivo pelo qual a qualidade da interseção ficou ruim. Aponte para a criança que quebrar os brinquedos deixa o pai e a mãe triste, mostre a ela, de um jeito que ela entenda, que deve ser diferente. Promover uma atitude consciente na relação da criança com os pais e dela com os objetos é um bom caminho para a educação.

Em muitos casos pais e filhos chegam na escola e não tem a menor ideia de como está a sua interseção. São interseções de qualidade indeterminada, nem boa, nem ruim, mas também não é confusa, é uma interseção onde a criança não sabe o que esperar do pai ou da mãe. Muitos destes casos vêm de pais que de alguma maneira não estão bem e deixam as crianças a ver navios, sob a tutela de empregados, avós. Nem sempre a interseção positiva é recomendável, algumas vezes punir o filho pode ser extremamente negativo para a interseção, mas positivo enquanto educação. Como dizia Pitágoras: “Eduquem as crianças e não será necessário punir os homens”.
 

 
Rosemiro A. Sefstrom - Criciúma/SC - 03/07/2013 

terça-feira, 9 de julho de 2013

AMIGANTE

Por Beto Colombo: Como o atento leitor já leu aqui em meus comentários e artigos, já mencionei várias vezes que gosto muito de caminhar. Seja em Criciúma, onde moro, na lagoa ou na praia, sempre caminho. Não importa se vou viajar a trabalho, a lazer, enfim, aonde vou, levo em minha bagagem um tênis ou uma bota.

Nestas viagens não importa quem esteja comigo, no final da tarde, calço o tênis e saio por esse mundo de Deus. No caminho encontro pessoas, conheço lugares e me exercito. Afinal de contas, viver também é se movimentar, pois mais do que sedentários, temos genética de nômades, não é mesmo?

Os meus familiares e conhecidos já sabem desse meu gosto. Inclusive, com os amigos, descobri que há diferentes tipos de caminhadas e, assim, diferentes tipos de amigos. Por que não? A partir daqui, cunhei um nome que vai no título dessa artigo, que é “amigante”, ou seja, amigo caminhante.

Há o amigante que gosta de caminhar seis quilômetros em uma hora e a jornada aqui é pesada e forte. Na verdade, é a marcha usada pelo exército em manobra. Caminha-se assim, nesse ritmo, quando se tem pouco tempo e se necessita gastar bastante calorias. É quase uma corrida e chega perto de um passeio tranquilo de bicicleta.

Há também o amigante que caminha, no máximo, quatro quilômetros por hora, estes vão contemplando. Na contemplação o caminho é vivenciado no presente envolvente que se apresenta a cada instante. Desta forma, pode-se parar quantas vezes quiser para curtir, contemplar.

Tudo certo. Não há caminho nem amigante certo e nem errado, tudo é caminho.

Quando faço uma trilha maior, como o Caminho de Santa Paulina, de uma semana, ou Caminho de Santiago, de 30 dias, descobri que aqui, geralmente, a contemplação é mais vivida. Embora também se encontram pessoas que caminham em um ritmo alucinante. Em uma caminhada maior como essas, toda a sensibilidade da gente é aguçada a ponto de sentirmos o frescor do vento, o cheiro adocicado do ar, a flor diminuta a beira da estrada, a formiga que atravessa a estrada.

Enfim, não importa se mais rápida ou contemplativa, o importante, para mim, é que seja um amigante.

Lembrando que isso é assim para mim hoje.
 
Por Beto Colombo - 03/07/2013
Fonte:http://www.filosofiaclinicasc.com.br/artigo/amigante-202

domingo, 7 de julho de 2013

A QUÍMICA DA DEMOCRACIA

Estamos diante de uma crise de representação política. A democracia moderna se caracteriza por ser representativa e não direta. Elegemos representantes e eles nos representam no Executivo e no Legislativo. Há muito tempo que este vínculo representativo no Brasil opera mal - vive-se a mesma coisa na Europa ocidental.


Julgo importante momentos como o que vivemos, não somente para chamar nossos representantes de volta a suas funções (eles trabalham para nós e pagamos os salários deles), como para refletir sobre os riscos deste mesmo colapso de representação e o desordenamento político-social que dele decorre a médio prazo: sem supermercados, sem escolas, sem estradas, sem chegar ao trabalho, sem lazer, sem policiamento.

A "química das massas" é volátil, incendiária e instável, e apesar de a imensa maioria ter uma intenção pacífica, a interrupção contínua e crescente da ordem político-social, por definição, rompe esta mesma ordem trazendo à tona riscos.

Mas nem todos os clássicos em política concordam com esta visão de risco do desgaste da ordem político-social. Alguns entendem que devemos buscar este desgaste e leem este mesmo desgaste como oportunidade criativa. Esta "química das massas" pode ser interpretada de diferentes formas.

Hobbes, por exemplo, que não é bem visto pela política contemporânea por ser posto "no saco" dos autoritários, entende que quando a ordem político-social se interrompe, "nossa química", que tem uma vocação latente para a desordem, a contingência e, por tabela, a violência (o que comumente se traduz dizendo que para Hobbes o homem é mau e a sociedade faz ele ser menos mau), entrará em ebulição a qualquer momento e a representatividade tem que retornar a funcionar, se não, caímos no caos social.

Este é o chamado pessimismo hobbesiano, que tende a valorizar a ordem a tudo custo e defender o monopólio legítimo da violência na mão do Estado.

Posições como a de Hobbes têm um defeito claro que é reprimir excessivamente qualquer tentativa de renovação das formas de representação. Daí ele ser mais afeito a temperamentos temerosos com relação a crises políticas agudas.

Rousseau, por outro lado, entende este desgaste como necessário para o surgimento da criatividade em política (Marx não está muito longe disso), daí ele ser típico de temperamentos mais revolucionários em política. Neste sentido, a violência decorrente da interrupção da ordem político-social é entendida como espaço para momentos de democracia direta.

Alguns defendem esta posição falando de "violência criativa" ou mesmo "a política será feita nas ruas e não nas instituições" porque elas não mais representam os representados e seus anseios. Aqui esquerda radical e direita radical se encontram na condenação da representação (os partidos).

O defeito desta opção está no fato de a democracia direta ou "das ruas" tender facilmente (todo mundo sabe disso) à violência, linchamento e julgamentos populares sumários. Neste caso, enquanto hobbesianos tendem a temer a "química das massas", rousseaunianos parecem torcer para esta química fazer novas receitas de "bolo social".

O que pensa Tocqueville sobre esta mesma química da democracia? Tocqueville pensava que esta mesma química deve ser "cuidada" via mecanismos de pesos e contrapesos institucionais que reúnem desde assembleias muito locais, passando pelas instâncias de razão pública (tribunais, universidades, escolas, mídia), chegando ao Legislativo e Executivo estadual e federal.

Pare ele, não podemos abrir mão deste processo institucional de mitigação da "química da democracia" sob risco de esmagar o indivíduo sob a bota da tirania da maioria, de uma liberdade destrutiva e de uma igualdade com vocação para mediocridade, que elimina a própria criatividade cotidiana.

Por exemplo, no seu "Democracia na América", ele já dizia que não pode haver reeleição de representantes na democracia, se não dá em corrupção. Podemos começar a reforma por aí. Voto em Tocqueville.

PS. Não estou no Facebook, se você "falar" comigo no Face, não sou eu.


Por: Luiz Felipe Pondé - Folha de SP - 01/07/2013
Fonte:http://www1.folha.uol.com.br/colunas/luizfelipeponde/2013/07/1303995-a-quimica-da-democracia.shtml