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O objetivo deste blog é discutir idéias, expor pontos de vista. Perguntar mais do que responder, expressar mais do que reprimir, juntar mais do que espalhar. Se não conseguir contribuir, pelo menos provocar.

segunda-feira, 1 de julho de 2013

HOMENAGEM AOS INDIGINADOS

Querido leitor, nesses tempos de “Acorda Brasil” talvez eu consiga dizer, em forma de poesia, o meu ponto de vista.

“Um dia, vieram e aumentaram os impostos que pago com grande sacrifício; como eu não era único, tolerei. Depois, vieram e levaram a qualidade da educação; como eu já era formado, não me incomodei e paguei do bolso o ensino dos meus filhos. Naqueles dias até me indignei e votei por ideologia, e eles me retribuíram com conchavos. Junto com os conchavos, eles não investiram em boas estradas e, com isso, muitas mortes, entre elas, de parentes, amigos e conhecidos; e para recuperar as rodovias nos empurram um pedágio. Pensei em reclamar, mas aceitei. Ato contínuo, vieram e nos tiraram a aposentadoria por tempo de serviço; como posso pagar, fiz um plano privado de complemento com medo da incerteza da velhice. E ainda por cima fiz um plano de saúde para mim e minha família já que pago por ela e não recebo.

Mas houve um dia que de tanto aguentar tudo calado, o copo se encheu. Extravasou. Transbordou. E quando isso ocorreu, levantei minha cabeça, olhei para os lados e vi que não estava sozinho: tinha muitas, muitas pessoas comigo. Daí, aqueles de antes, ainda quiseram aumentar a passagem, mas como muitos estávamos cheios, juntamos nossas indignações e as transformamos em atos, em gestos. Fomos juntos e unidos às ruas para protestar e confirmamos mais uma vez que a união faz a força e que a força bruta dos opressores era apenas um sinônimo de fraqueza.

O texto em poesia declamada a pouco é uma adaptação do poema de Bertold Brecht, que disse com sua escrita aguçada e palavras certeiras: “Primeiro levaram os negros, mas não me importei com isso, eu não sou negro. Em seguida levaram alguns operários, mas não me importei com isso, eu também não era operário. Depois prenderam os miseráveis, mas não me importei com isso porque eu não sou miserável. Depois agarraram os desempregados, mas como tenho meu emprego, também não me importei. Agora estão me levando, mas já é tarde. Como eu não me importei com ninguém, ninguém se importa comigo”.

Poemas são assim, uma forma diferente de a arte mostrar o nosso cotidiano. Pode ser um sinal que o universo nos manda para que tenhamos olhos para ver, ouvidos para ouvir e mãos para agir. Há, inclusive, poemas em forma de canção: “Sonho que se sonha só é só um sonho que se sonha só. Mas sonho que se sonha junto é realidade”.

Estamos juntos.



Beto Colombo - 01/07/2013


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